O chanceler austríaco, Werner Faymann, intensificou suas críticas contra a política de imigração da Hungria, ao afirmar que era “insustentável classificar os direitos humanos com base na religião”. No outro lado da discussão, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, defendeu sua posição dura. Os pontos de vista de ambos os líderes ressaltam a profunda cisão entre o Oeste e o Leste da Europa sobre como resolver a crise migrante.
“Para colocar os refugiados em trens na crença de que vão a outro lugar me lembra o tempo mais obscuro em nosso continente”, disse Faymann para a revista semanal Der Spiegel. Orban “age de forma irresponsável ao declarar que todos são imigrantes por razões econômicas. Ele usa conscientemente uma política de dissuasão”, disse o dirigente austríaco.
Mais cedo, neste mês, o premiê da Hungria gerou polêmica ao dizer que as fronteiras do país devem ser defendidas, pois a identidade da Europa estava enraizada no Cristianismo, enquanto a maioria dos imigrantes que chega no continente era muçulmana.
Diferentemente da maioria dos países da União Europeia, Alemanha, Áustria e Suécia reconhecem que há pessoas que fogem de países devastados pela guerra, disse Faymann. “Nós reconhecemos que existe um direito de asilo”, disse ao Der Spiegel.
Um sistema de cotas proposto para os imigrantes na Europa poderia funcionar, afirmou o premiê, se os países foram multados por não aderir à “responsabilidade e solidariedade”. Cortes na ajuda financeira dos fundos estruturais da UE – a partir do qual os países da Europa Oriental se beneficiam mais – poderiam ser considerados, acrescentou.
Confrontado com o maior fluxo de imigração desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a UE tem enfrentado dificuldades para criar uma resposta abrangente para a chegada de pessoas que fogem do Oriente Médio e da África.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, apresentou uma proposta na quarta-feira para a redistribuição de 160 mil refugiados em todo o continente, mas ele enfrenta a oposição de alguns Estados do bloco, em particular na Europa Oriental.
Separadamente, Orban defendeu suas políticas e disse ao jornal alemão Bild que os imigrantes devem retornar de onde vieram. “Esses imigrantes não vêm de zona de guerra, mas a partir de campos em países vizinhos da Síria”, afirmou ao citar o Líbano, Jordânia e Turquia, “onde eles estavam em segurança”. Portanto, não eles fugiram por risco de vida, mas por quererem uma vida melhor, acrescentou.
“Pessoalmente, eu posso entender isso, mas não há nenhum direito fundamental a uma vida melhor, só há um direito à segurança e dignidade humana”, disse Orban ao jornal.
A Hungria tem recebido milhares de imigrantes nas últimas semanas. Grande parte passou pelo país para chegar na Alemanha, que abriu as suas portas aos refugiados sírios. Nesta semana, a Áustria fechou em parte a estrada entre a fronteira com a Hungria e Viena, enquanto o operador ferroviário do país suspendeu os serviços de trem de Hungria por causa do foi chamado de impedimentos na rota.
Orban disse ao jornal alemão Bild que, em vez de abrir suas fronteiras a milhões de potenciais imigrantes, a Europa deve apoiar financeiramente os países vizinhos da Síria até que a migração cesse, acrescentando que ele vai apresentar um plano desse tipo para os líderes europeus na próxima reunião. O primeiro-ministro húngaro ressaltou a sua rejeição ao sistema de cotas de imigrantes na Europa e disse que estava despreocupado sobre possíveis multas. A Europa deve também aumentar a pressão sobre a Grécia para proteger as fronteiras externas da UE, disse ele.
O líder de centro-direita da Hungria intensificou os esforços para construir uma cerca de segurança na fronteira do país com a Sérvia, enquanto aperta leis penais para conter o fluxo de pessoas para a Hungria sem documentos válidos. Fonte: Dow Jones Newswires.