O senador Bernie Sanders tornou-se alvo preferencial de seus rivais democratas após a vitória contundente obtida por ele na primária de Nevada, no sábado. O difícil início de campanha do bilionário Michael Bloomberg – acusado pelos concorrentes de tentar "comprar a indicação" e ter adotado políticas discriminatórias ao governar Nova York – também contribuiu para que a artilharia passasse a se concentrar em Sanders.
O senador de 78 anos obteve em Nevada 46,8% dos votos, seguido do ex-vice-presidente Joe Biden (20,2%), do ex-prefeito Pete Buttigieg (14,3%) e da senadora Elizabeth Warren (9,7%). Com isso, assumiu a liderança na disputa pelos delegados que definirão a indicação, uma corrida ainda no começo. Sanders tem 45 delegados e são necessários 1.991 para levar a nomeação.
Um terço desses representantes será escolhido na chamada Superterça, dentro de seis dias. Ontem à noite, ocorreu o último debate antes desta votação, que envolve 14 Estados e costuma a consolidar o favorito.
A ascensão de Sanders divide o partido entre os seguidores do autodenominado "socialista democrático" e os defensores de um candidato que possa atrair eleitores conservadores. Pesquisas indicam que Sanders teria mais problemas para bater Donald Trump na eleição de novembro, justamente pela dificuldade de dialogar com eleitores de centro. O programa do senador, que inclui um plano de assistência médica universal, é considerado radical pelos adversários. Eles criticam o senador por não esclarecer a fonte dos recursos para o projeto, tachado de "polarizador" por Buttigieg.
A tentativa de garantir saúde universal é o mais frequente alvo de ataques, mas não o único. Biden acusa o Sanders de ter tentado minar a reeleição de Barack Obama em 2012. Bloomberg diz que o senador ignora demandas de eleitores negros.
<b>Cuba</b>
Elogios de Sanders no domingo ao projeto educacional do cubano Fidel Castro despertaram a última onda de críticas. O senador saudou o "massivo programa de alfabetização" do pelo mentor da Revolução Cubana, para em seguida condenar a natureza autoritária do regime. Biden criticou a "admiração" de Sanders pelo líder cubano, enquanto Bloomberg enfatizou a "herança sombria" de Fidel. Buttiegieg acusou o senador de "estimular as pessoas a ver um lado positivo no regime castrista".
Cinco ex-presos políticos cubanos publicaram uma carta em que lamentam o "elogio a um tirano". "Sanders mente ou ignora o que ocorre em Cuba", escreveu o grupo, que ainda acusou o senador de ser arrogante demais para pedir desculpa.
"Ensinar as pessoas a ler e escrever é uma coisa boa", respondeu Sanders. Ele ainda exaltou a China por ter tirado da pobreza extrema "mais pessoas que qualquer outro país", apesar de, segundo ele, ter um governo autoritário.
Originário do pequeno Estado de Vermont (623 mil habitantes, o segundo menos populoso do país), Sanders tem se destacado como orador. Em 2016, ele perdeu a indicação democrata para Hillary Clinton, derrotada por Trump.
<b>Recuperação</b>
Biden, considerado o democrata com mais chances contra Trump antes do começo das primárias, joga suas fichas na votação de sábado da Carolina do Sul, Estado em que quase metade dos eleitores são negros. Biden chegou a ter 15 pontos de vantagem nas pesquisas neste Estado, mas as mais recentes o colocam menos de 10 pontos à frente de Sanders.
Bloomberg, cujo desempenho no debate de quarta-feira foi ruim, não competirá na Carolina do Sul. Ele estreará apenas na Superterça, depois de investir mais de US$ 400 milhões de sua fortuna em propaganda. O bilionário tem insistido que a escolha de Sanders, único a sua frente nas pesquisas, levará à reeleição de Trump. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>