A história de um casal homossexual, que vive momentos de alegrias, angústias, medos e reflexões, dentro de uma cela de cadeia é o enredo principal do livro “A Visita”, do autor guarulhense Alex Francisco, de 26 anos. Morador do Jardim Palmira, ele se formou em Comunicação Social – Jornalismo, pela UNG, fez Roteiro para Cinema na Faculdade Belas Artes e Roteiro para TV na Academia Internacional de Cinema.
Alex conta que, desde pequeno, imaginava histórias e as passava para folhas de sulfite, dobrava-as ao meio como se fosse um livro, e levava para escola com a intenção de mostrar aos amigos. Os primeiros contatos com a literatura foram dentro de casa, ao folhear livros da mãe. Não se esquece de “Agitação à Beira-Mar”, da Leusa Araújo da coleção Vaga-Lume. “Um dia estava em um bazar com meu avô e encontrei quase todos os livros da coleção. Fui empilhando um a um, sem pretensão. Quando meu avô perguntou se eu queria levar, disse que sim. Levei tudo para casa. Foi aí que, acredito, surgiu um amor consciente pelos livros”, contou Alex.
O autor explica que as ideias para a construção de um livro são muitas e aparecem a todo momento. “Fazia quase 10 anos que eu não escrevia nada, quando assistindo a uma série de filmes gays surgiu, talvez, a ideia de escrever uma história com esse tipo de personagem”. O livro“A Visita” foi escrito para o teatro, com alguma inspiração na música “Condição Humana”, do Linox. “Este foi o princípio do casal protagonista”, revela.
Quanto ao preconceito, Alex diz que o livro foi bem aceito, por se tratar de um romance, ele acredita que muitas pessoas se identificam com a história. “A idéia não é levantar bandeiras. Há pessoas mais engajadas do que eu para isso, mas sim provocar uma reflexão que também é universal e independe de rótulos que é respeitar o próximo, as diferenças”, afirma.
Segundo conta, a grande recompensa do trabalho foi receber a resposta de heterossexuais que passaram a entender mais sobre o universo homossexual por meio de seu livro.
“As inspirações vêm
das coisas mais simples”
Como professor de roteiros de cinema e TV, Alex diz que ensina a seus alunos que as inspirações vêm desde as coisas mais simples até os acontecimentos atuais. “Mas para isso acontecer, a leitura, a prática da escrita e a busca por referências são pontos que devem ser estimulados”. Há três anos, decidiu colocar como condição de vida nunca mais parar de escrever. Agora ele espera criar histórias não só para o teatro e livros, mas também para TV, cinema e internet. “De verdade, não estou preocupado com demandas, tendências ou gêneros, mas sim com as histórias em si”. A meta é escrever um livro por ano. O próximo a ser publicado é o “Corpo Condenado.
As pessoas ao seu redor também são grandes fontes para criação de personagens. “Sou extremamente observador e, quase sempre, encontro meus personagens em pessoas que eu vi, que conheci ou não, mas que ficam na minha memória”, conta Alex. O livro começou a ganhar forma em dezembro de 2011, com o objetivo de conquistar o público. Antes da peça ser montada, ele resolveu publicá-la e foi um sucesso. Lançada também na Bienal do Livro no Rio de Janeiro, “A Visita” já foi apresentada pelo autor em outros países como Argentina, México, EUA, Austrália e Inglaterra.
Ele sabe que um dia as profissões de jornalista e escritor vão se colidir e que isto não está longe. “Mas levarei o jornalismo comigo sempre. É a minha base”.
A carreira de Alex teve início na TV UNG, onde estudou Jornalismo. Depois fez alguns trabalhos como assessor de imprensa, escreveu matérias para a revista Weekend e Revista Guarulhos e passou também por jornais locais da cidade, antes de trabalhar para o Grupo Folha de São Paulo na editoria de cultura e TV, onde está hoje