O diretor de futebol do Fluminense, Paulo Autuori, exibiu preocupação nesta terça-feira com o fato de a Conmebol ainda não ter agido para ajudar a garantir a segurança da delegação do time carioca na Bolívia, para onde a equipe viajará em voo marcado para decolar às 15 horas desta tarde visando a partida contra o Nacional Potosí, quinta-feira, às 21h45 (de Brasília), pela primeira fase da Copa Sul-Americana.
A Bolívia enfrenta uma grande crise motivada por uma disputa por royalties da reserva de gás situada entre os estados de Chuquisaca e Santa Cruz. Devido ao problema, manifestantes fecharam estradas e o aeroporto de Sucre, sendo que a programação inicial do Fluminense previa que o avião fretado pelo clube para levar os seus jogadores até Santa Cruz de la Sierra, onde faria escala antes de voar até Sucre.
A agenda publicada no site oficial do time brasileiro aponta que a equipe faria um treino em um estádio em Sucre, na tarde desta quarta-feira. E o planejamento da equipe era seguir desta cidade até Potosí, onde o jogo de quinta ocorrerá no estádio Victor Augustín Ugarte, apenas horas antes da partida para reduzir os efeitos que a altitude de 2.810 metros acima do nível do mar imporá aos seus atletas.
Entretanto, nem mesmo Autuori conseguiu confirmar se será possível desembarcar em Sucre. Em entrevista coletiva concedida pela manhã, mesmo período em que o Fluminense treinou no Rio antes de seguir para o aeroporto, o dirigente lembrou até do trágico acidente aéreo ocorrido com a Chapecoense, na Colômbia, em 2016, para alertar a Conmebol sobre a segurança que precisa ser assegurada ao elenco tricolor.
“Essa situação em Sucre transcende ao futebol. Estamos trabalhando há três meses nessa viagem, que é complexa. Espero que as pessoas deixem os interesses de lado e pensem em segurança”, afirmou Autuori. “Não podem esquecer a tragédia da Chapecoense, e temos trabalhado nesses três meses em prol da segurança de todos. Não posso admitir que, por causa de um jogo, coloquemos em risco a segurança da delegação por conta de um jogo. Dependemos de um posicionamento da Conmebol”, reforçou.
Caso não seja possível desembarcar em Sucre por causa da crise vivida na Bolívia, uma segunda opção para o Fluminense seria pegar um outro voo, que iria direto de Santa Cruz de la Sierra para Potosí, que possui um aeroporto de pequeno porte, usado mais para emergências. A ideia, porém, não agrada a Autuori, que nesta terça cogitou até a possibilidade de cancelar a ida para a Bolívia por causa das faltas de garantias de segurança.
“Se a gente vai depender de uma aeronave que não faz parte do nosso planejamento, por mim, abortaríamos esta viagem. Seguimos esperando um posicionamento que vem sendo adiado”, afirmou o diretor, reclamando da Conmebol. “O posicionamento do Fluminense é que eles (dirigentes da entidade) tenham bom senso e tomem a melhor atitude. Pode ser uma mudança de cidade, para que a gente possa chegar com segurança”, ressaltou.
O Fluminense venceu o duelo de ida do mata-mata com o Nacional Potosí por 3 a 0, no dia 11 de abril, no Maracanã, e com isso poderá perder por até 2 a 0 no confronto de volta, nesta quinta, na Bolívia, para avançar à próxima fase da Sul-Americana.