O aumento do desemprego e da pobreza vai demandar do governo uma política social fortalecida no momento pós-crise da covid-19, reconhece o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida. Ele alerta, porém, que o auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais "não é para ter vida longa" e qualquer programa futuro só terá espaço no Orçamento Federal com revisão de outros gastos.
<b>O sr. defende uma forte rede de proteção social para o momento pós-pandemia. Como esse debate está sendo conduzido dada a limitação fiscal?</b>
O pilar que dá sustentação ao lado fiscal da nossa economia é o teto dos gastos. Esse pilar foi preservado. A ideia é que todos os programas que fizemos de impacto fiscal sejam transitórios, e todos inevitavelmente terminem este ano. O auxílio emergencial aos informais foi desenhado para ter duração de três meses e acabou. As políticas de impacto fiscal implementadas durante a pandemia são transitórias porque a crise é transitória.
<b>Mas como fortalecer a rede de assistência social?</b>
Quem lidera essa discussão é o Ministério da Cidadania. O que eu alertei é que alguns debates são importantes de serem feitos. Será que não estamos transferindo muito dinheiro dos pobres para os ricos? Eu acho que estamos. Isso tem de mudar. Nós temos de fazer a política social da maneira correta.
<b>E como mudar isso?</b>
Temos de rever alguns programas sociais que, na minha concepção, transferem dinheiro dos pobres para os ricos. Você tem de fazer o contrário. Temos de melhorar nossa eficiência, fazer mais com menos. Como se faz isso? Revendo programas sociais que não são eficientes. O que precisamos fazer é pegar o dinheiro que estamos gastando mal e colocar em programas onde gastamos bem. Existem vários programas no Brasil que estão mal focalizados.
<b>O que sr. acha da unificação dos programas sociais?</b>
Esse é o caminho. Temos de trabalhar melhor para alinhar corretamente os incentivos.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>