O Ministério da Economia deve revisar a previsão de alta do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2020 por causa do efeito do alastramento da epidemia do coronavírus pelo mundo e no Brasil. A posição sobre a estimativa do PIB deve ocorrer até o fim da próxima semana.
Nesta quinta-feira, 27, o mercado voltou a ter um dia volátil. As Bolsas americanas registraram a sexta queda consecutiva e caíram mais de 4%. No Brasil, o Ibovespa recuou 2,59% após muita oscilação e o dólar fechou em R$ 4,47 (ler mais na B5).
Sem a promessa de adoção de medidas de estímulo pela equipe econômica, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia (SPE), Adolfo Sachsida, disse que o melhor "remédio" para enfrentar os efeitos negativos da epidemia no crescimento econômico é avançar nas reformas no Congresso.
Cauteloso, o secretário evitou falar em números, mas reconheceu que o cenário piorou bastante nas duas últimas semanas, diante da expansão do vírus no mundo. "Teremos uma posição mais sólida no fim da próxima semana. Por ora, mantemos a previsão de alta de 2,4%", "disse Sachsida ao jornal <b>O Estado de São Paulo</b>.
A SPE é a área responsável pela elaboração das previsões oficiais de crescimento do PIB do governo brasileiro. As revisões têm sido anunciadas oficialmente pela secretaria assim que os números são refeitos, seja num cenário de alta ou de baixa.
Para fazer a avaliação, o secretário disse que a SPE tem monitorado diariamente três fatores que podem apontar o impacto do coronavírus na economia do Brasil: o crescimento no resto do mundo, a evolução do mercado internacional de commodities e a eventual falta de insumos comprados no exterior para abastecer a indústria local.
Ele negou que o governo pretenda adotar medidas extraordinárias de estímulo econômico para mitigar o impacto do coronavírus. Sachsida insistiu na necessidade de o Brasil continuar com o processo de consolidação fiscal.
Sobre a crise com o Congresso em torno do acordo do Orçamento de 2020, o secretário disse que confia na capacidade de articulação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do Palácio do Planalto. "Confio no nosso time e sei que vai ser resolvido."
Na quinta-feira, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, disse que o surto de coronavírus assusta, porque pode ter impacto relevante na atividade mundial, afetando as cadeias globais de insumos e prejudicando as exportações brasileiras. "O risco do coronavírus é o impacto no preço das commodities e na redução da atividade global. Ao sair da Ásia e entrar na Europa, e agora no Brasil, há uma dúvida do mercado sobre o impacto do coronavírus no crescimento global. Isso afetaria todo o mundo, incluindo o Brasil."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>