“Alternativa para o transporte de cargas, integrar o território brasileiro e industrializar o país”. O estudo, denominado “A estratégia brasileira de privilegiar as rodovias em detrimento das ferrovias”, assinado pelo geógrafo Júlio César Lázaro da Silva, define o objetivo das grandes estradas construídas na década de 1950 no Brasil, incluindo a Presidente Dutra. Para o guarulhense, contudo, a via tem outras funções.
Considerada a mais importante do país, a Dutra completa nesta quarta-feira, 19/01, 71 anos de existência. Guarulhos, com 1,4 milhão de habitantes, representa pouco mais de 5% das 25 milhões de pessoas em 36 municípios, incluindo as capitais São Paulo e Rio de Janeiro, que fazem parte do trecho rodoviário de 402 quilômetros, caminho por onde é transportado cerca de 50% do Produto Interno Produto (PIB) brasileiro.
No 2º município mais populoso do estado, a rodovia tem um status de avenida, ligando diversos bairros. A via, por exemplo, é o caminho mais fácil para um munícipe que sai do Bonsucesso em direção à Vila Augusta ou, no sentido oposto, da Ponte Grande com destino a Cumbica, por exemplo. Moradores de regiões mais distantes a utilizam para chegarem ao Centro. Ela também liga Guarulhos a São Paulo, maior deslocamento urbano do país.
“A Dutra é uma das principais vias de nossa cidade, fundamental para a ligação entre os mais diversos bairros e também para a Capital. Mas, mais que isso, ela liga os dois principais centros econômicos do país, que são São Paulo e Rio de Janeiro. A importância dela e sua conservação são de extrema importância para o país”, explica o prefeito Guti, ao GuarulhosWeb.
Novos investimentos em Guarulhos
Em 1950, a população de Guarulhos era de cerca de 35 mil pessoas. Dez anos depois, apesar da rodovia ainda operar com pista simples, em mão-dupla em quase toda sua extensão, mais de 100 mil pessoas já moravam no município. Dada a importância da estrada no contexto do crescimento da cidade e passadas sete décadas, obviamente a via carece de novos investimentos.
Em outubro, a CCR, concessionária que administra a Dutra desde 1996, venceu o leilão de concessão por mais 30 anos com uma proposta de desconto de 15,31% no valor da tarifa básica e outorga de R$ 1,8 bilhão. A empresa promete fazer investimentos de R$ 15 bilhões, 10% desse valor será destinado à região de Guarulhos.
“Com a nova concessão, defendemos que as obras em Guarulhos, principalmente próximo ao Trevo de Bonsucesso, sejam iniciadas já neste ano”, enfatiza Guti. O pedido do chefe do Executivo já foi levado à concessionária e, em diversas oportunidades, ao Ministério da Infraestrutura.
O prefeito exige a inclusão da construção da pista marginal entre o Trevo de Bonsucesso e o posto Sakamoto já em 2022 como medida essencial para concluir a obra do complexo viário que já se arrasta por quase uma década. Outras metas essenciais, já previstas pela CCR, são reduzir gargalos e facilitar o acesso ao aeroporto.
História
Inaugurada pelo Presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra, em solenidade realizada na altura de Lavrinhas (SP), a então BR-2, nova rodovia Rio-São Paulo, ainda não estava completamente pronta, mas já permitia o tráfego de veículos entre a então Capital Federal, Rio de Janeiro, e o polo industrial de São Paulo. Da então ligação Rio-São Paulo, 339 quilômetros estavam concluídos, junto com todos os serviços de terraplenagem e 115 obras de arte especiais (trevos, viadutos, pontes e passagens inferiores). Faltava, porém, a pavimentação de 60 quilômetros entre Guaratinguetá (SP) e Caçapava (SP), e seis quilômetros em um pequeno trecho situado nas proximidades de Guarulhos.
A nova rodovia permitiu a redução da distância rodoviária entre as duas capitais em 111 quilômetros, comparando-se o novo caminho com o traçado da velha rodovia, inaugurada em 1928. A maior parte dessa redução foi possível com a superação de obstáculos naturais, basicamente nos banhados da Baixada Fluminense e na área rochosa da garganta de Viúva Graça, na região de serras entre Piraí e Cachoeira Paulista, e no segmento da Várzea de Jacareí. Além disso, sua concepção avançada permitiu a construção de aclives e declives menos acentuados e curvas mais suaves. Tudo isso representou uma significativa queda no tempo de viagem, de 12 horas, em 1948, para seis horas. No total, 1,3 bilhão de Cruzeiros foi investido na construção da BR-2.
Números
2.657.746 m² de pavimentação;
1,3 milhão de sacos de cimento;
8 mil toneladas de asfalto;
20 mil toneladas de alcatrão;
15.000.000 m³ de movimento de terra;
300.000 m³ de cortes;
7.021 m de extensão em 115 pontes, viadutos e passagens;
19.086 m com 315 bueiros;
30 milhões de m² de faixa de domínio.