Economia

Awazu fala em vigilância para assegurar convergência da inflação à meta em 2016

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, afirmou nesta quinta-feira, 24, que é preciso manter a vigilância para assegurar a convergência da inflação para a meta ao fim de 2016. Segundo ele, parte dos problemas foi endereçada pela política fiscal, como o realinhamento de preços administrados, redução de subsídios e cortes de gastos.

“Como sabemos, não há free lunch (almoço grátis)”, afirmou Awazu, durante apresentação do Relatório Trimestral de Inflação. Segundo ele, a alta do dólar é um reflexo dessa transição.

O diretor do BC disse que o balanço de riscos se deteriorou com a alta dos prêmios de risco e reforçou a mensagem do presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, que falou antes dele, de manter os juros básicos em 14,25% ao ano por tempo suficientemente prolongado, estratégia que ele classificou como necessária para fazer a inflação convergir para a meta de 4,5% ao fim de 2016. Ele recomendou ainda “discernimento analítico para evitar reatividade excessiva”.

“É preciso calma no contexto de comunicação pouco clara de autoridades de outros países”, comentou. Segundo ele, a comunicação recente de autoridades monetárias de países avançados não está suficientemente clara para guiar os mercados.

Para Awazu, é preciso continuar com as políticas anunciadas, separar as causas, dar direcionamento ao mercado e preservar sua funcionalidade. “O processo, como sabemos, é de ajuste padrão, ele é necessário”, disse.

Ele ainda voltou a falar em garantir a funcionalidade do mercado, assim como mencionado pelo presidente Tombini antes dele, independente da dinâmica de preços. Disse ainda que é preciso fortalecer a política econômica e os fundamentos.

Grau de investimento

O diretor de Política Econômica do BC avaliou que mudanças nas metas e no Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa), que foi apresentada com um déficit de R$ 30,5 bilhões, se refletiram em risco. Ele explicou que a deterioração das metas fiscais levou à perda do grau de investimento pelo Brasil.

“As expectativas sobre as metas fiscais acompanhavam certo reconhecimento das dificuldades de se cumprir essas metas que tinham sido inicialmente colocadas”, observou. Segundo ele, a revisão dessas metas, a partir de julho, devem ter sido um dos elementos entre outros para que a percepção dos agentes do mercado pudessem evoluir de maneira menos favorável.

Para Awazu, a piora fiscal afetou o dólar e criou uma “escadinha” de deterioração cambial. “A ideia é que sim, houve uma deterioração em parte ligada à maneira como as metas foram aquém do que o mercado reconhecia como natural do quadro e acabaram resultado numa deterioração mais acelerada dos prêmios de risco medidos”, argumentou.

Complacência

O diretor avaliou também que a situação econômica traz um contexto que exige um olhar “com calma e discernimento”. “Olhar com calma não é manifestação de complacência ou cegueira”, acrescentou. Para ele, é preciso separar neste momento o que são questões de mudança de prêmios de riscos de questões estruturais.

Awazu apresentou a mesma avaliação feita pelo presidente da instituição, Alexandre Tombini, no Senado sobre a elevação de prêmios de risco e da curva de juros. “Isso ocorreu sem que tenha havido nenhuma alteração na taxa básica de juros definida pelo Copom”, disse, salientando que esse comportamento reflete a situação em que ocorreu a degradação de certos ativos domésticos.

Para o diretor, o efeito defasado e cumulativo da política monetária já implementada tem papel importante na contenção dos efeitos secundários do processo de ajuste.

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