A decisão dos Estados Unidos de sobretaxar suas importações de aço vai afetar as exportações brasileiras, disse nesta segunda-feira, 13, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo. “Evidente que uma medida dessa natureza terá impacto sobre as nossas exportações”, afirmou ele, após reunir-se com o presidente Michel Temer.
Ele contou que, na conversa, falaram das várias alternativas para lidar com a situação. “O Brasil está aberto para o diálogo, para uma tentativa de entendimento com os norte-americanos”, disse. O mecanismo de solução de controvérsias da OMC é um dos instrumentos que podem ser utilizados. “O governo não exclui essa possibilidade, mas estuda várias alternativas”, informou. Até o momento, disse ele, nenhum país formalizou pedido para acionar tal mecanismo no caso da sobretaxa dos EUA ao aço e ao alumínio.
Segundo Azevêdo, o governo brasileiro está muito atento aos possíveis desdobramentos da medida. Ele acrescentou que o setor siderúrgico é muito importante para a economia de vários países. “Ouvi a mesma coisa que vocês ouviram: que medidas norte-americanas podem encontrar contramedidas sendo adotadas por outros países”, disse.
“Acho importante que as regras multilaterais sejam observadas. A ação unilateral tende a provocar reação. E esse processo leva a guerras comerciais que não são de interesse de ninguém e onde só há perdedores.”
Azevêdo evitou falar sobre a compatibilidade da sobretaxa dos EUA às importações de aço e alumínio com as regras multilaterais. “É coisa difícil de falar. Eu mesmo evito”, disse. Ele explicou que há divergências entre países quanto à compatibilidade de suas medidas com as normas internacionais, e cada um tem suas razões a apresentar.
“Não sou eu que vou decidir aqui se é ou não, qual o lado correto.” Ele não respondeu se a tese da segurança nacional utilizada pelos EUA para justificar a sobretaxa se sustenta.