O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) admitiu que a situação do Órgão de Solução de disputas da entidade é “preocupante” e que há risco grande de paralisação do sistema responsável por resolver controvérsias entre países.
Como mostrou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, desde o ano passado, a Casa Branca passou a vetar a nomeação de novos árbitros para o órgão todas as vezes que uma vaga era aberta. Três juízes deixaram o órgão e nenhum deles foi substituído, e hoje o órgão tem apenas quatro pessoas. Com isso, há um atraso sem precedentes no tratamento de disputas.
“A situação do órgão de solução de controvérsias da OMC é muito delicada, muito preocupante. Não houve paralisação do sistema ainda, mas se essa situação perdurar durante muito tempo, o risco é grande”, afirmou Azevêdo, após reunião com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. “Estamos conversando com outros membros para ver se eles encontram solução para esse impasse, mas não há prazo.”
Para o diretor-geral, no entanto, essa situação não representa um enfraquecimento da OMC em um momento em que aumenta a tensão de uma guerra comercial com o anúncio de uma sobretaxa às importações de aço e alumínio pelos Estados Unidos. “A OMC não está enfraquecida, pelo contrário. Quanto mais tensão no cenário internacional, mais forte ela fica.”
Ele disse ainda que discutiu com Meirelles a questão do aço e o impacto na economia brasileira, mas que acredita que, apesar de haver um risco maior do que antes de uma escalada comercial, as partes estão começando a dialogar. “Minha percepção é que as partes começam a se falar para evitar um cenário de ações unilaterais recíprocas, que elevam o risco de um efeito dominó”, completou.