Defendendo um debate “racional”, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, estará pela primeira vez diante do presidente americano, Donald Trump, nesta semana. O diplomata terá a incumbência de apresentar aos líderes do G-20, na Alemanha, a situação comercial internacional e falará sobre a necessidade de manter mercados abertos e promover uma globalização inclusiva diante do chefe da Casa Branca.
A reunião está marcada para sexta-feira e caberá ao brasileiro apresentar os resultados do último informe da OMC sobre o protecionismo – a entidade destaca que praticamente todos os países reduziram barreiras ao comércio, salvo os americanos.
Em uma mensagem interpretada por diplomatas como sendo direcionada ao lobby protecionista da Casa Branca, ele pediu para que os “esforços sejam incrementados para evitar a implementação de novas medidas de restrição e reverter as medidas já existentes”. “Apelo para que as economias do G-20 continuem a mostrar liderança em apoiar o comércio aberto e fortalecer o sistema comercial com base em regras”, afirmou.
Trump chegou a dizer que, se a OMC freasse qualquer tentativa sua de adotar uma política mais protecionista, poderia deixar a entidade. Azevêdo optou por dizer que aguardaria até que a nova política comercial americana fosse implementada.
O Estado apurou que, em encontros entre embaixadores americanos e Azevêdo, os representantes da Casa Branca suavizaram o tom das queixas e insistiram na relevância da OMC. Mas também indicaram que ela precisaria passar por uma reforma.
O que ainda preocupa é a decisão do governo Trump de examinar a possibilidade de impor restrições contra bens importados a partir de argumentos de segurança nacional. Para solicitar um levantamento sobre o assunto, a Casa Branca alega que a indústria siderúrgica dos EUA estaria ameaçada pelas importações chinesas, ao ponto até mesmo de não conseguir produzir níveis suficientes de aço em caso de um conflito militar.
Pelo Acordo Geral de Tarifas, que é a base da OMC, governos podem usar argumentos de segurança nacional para ignorar as regras do comércio. Mas jamais nos 20 anos da entidade uma disputa chegou aos tribunais da OMC por causa de uma diferença sobre o que seria “segurança nacional”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.