O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), reforçou, durante entrevista a rádio <I>CBN</i>, que não chancelaria o pedido de prisão do ex-secretário da Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, durante os trabalhos da comissão. Na defesa de sua posição, Aziz afirmou que até agora todos os representantes da Saúde que passaram pela CPI omitiram informações e se colocaram muito mais como "vítimas" da política do governo federal do que de suas próprias ações.
Para Aziz, se o colegiado tomasse esse viés mais "autoritário", como classificou, dando voz de prisão a todas as contradições e omissões apresentadas ao grupo, isso poderia colocar em risco a credibilidade do da CPI, reafirmando que essas contradições e omissões, quando necessário, serão enviadas ao Ministério Público Federal (MPF). "Muitas pessoas acham que a gente pode resolver esse problema se enforcar três ou quatro pessoas em praça pública ou apedrejar, não, nós não vamos resolver isso assim, nós vamos resolver buscando a verdade", afirmou.
O presidente do colegiado também voltou a ratificar sua insatisfação com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de conceder um habeas corpus ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello para que ele tenha o direito de ficar em silêncio na CPI. Para Aziz, o general é uma "peça chave" para a conclusão das investigações do grupo, sendo o ministro que passou mais tempo à frente da pasta da Saúde durante a pandemia. "Uma série de coisas que foi na atuação dele, infelizmente a gente não vai ter como saber", avaliou.
Aziz também comentou sobre os depoimentos do ex-ministro das relações exteriores Ernesto Araújo, que acontece nesta terça-feira (18), e da secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, doutora Mayra Pinheiro, conhecida como "capitã cloroquina", agendada para quinta-feira (20).
Sobre Araújo, Aziz adiantou que ele será questionado sobre quais foram os esforços do ministério na aquisição de vacinas e os esforços realizados nas negociações com a China para liberação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) necessário para produção dos imunizantes contra covid-19.
Sobre a doutora Mayra, Aziz foi mais enfático. Segundo ele, a médica, que defendeu abertamente o uso de fármacos sem a eficácia comprovada para o tratamento da covid, defendia isso dentro do Ministério da Saúde. "Não foi à toa que numa sala do Palácio do Planalto tinha lá um decreto colocando na bula da cloroquina que o medicamento teria que ser usada para o covid, então não foi de graça isso, não caiu do céu, alguém redigiu aquilo, e eu tenho certeza absoluta que foi redigida por um especialista, não foi redigida por um general", declarou o senador.