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Baía Formosa celebra conquista de Italo Ferreira, ouro no surfe em Tóquio-2020

Foi difícil pegar no sono na pequena cidade de Baía Formosa, localizada a 90 km de Natal, no Rio Grande do Norte, na madrugada de segunda-feira para terça. Antes mesmo de o cronômetro na final do surfe masculino zerar, a felicidade e os gritos de "é campeão" já tomavam conta da casa de Katiana Batista, de 52 anos, mãe do medalhista de ouro Italo Ferreira, que se tornou o primeiro surfista campeão da história dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Depois do término da prova, a euforia e o choro tomaram conta dos presentes que vestiam camisa amarela com o nome do atleta na casa de Katiana. A turma já demonstrava confiança na medalha de ouro desde o início da competição. Com a confirmação do ouro, rapidamente motos, carros e pedestres se juntaram pelas ruas da cidade para celebrar a conquista do conterrâneo. Mesmo com o relógio marcando 4h30, nada impediu a festa em Baía Formosa.

O apoio da cidade para o surfista campeão mundial e agora olímpico não é por acaso. Até hoje, Italo Ferreira tem uma forte ligação com Baía Formosa, lugar onde mora até hoje, e faz questão de treinar nas ondas da praia, além de ser uma inspiração para os mais jovens e atencioso com os fãs e conterrâneos. Prova disso é que ele pretende instalar um projeto social em "BF", como a cidade é conhecida, com o intuito de atender crianças da cidade e propiciar oportunidade por meio do esporte no município.

Emoção como essa já havia sido vista em 2019, quando Italo Ferreira desbancou Gabriel Medina na final da World Surf League (WSL) e conquistou o título inédito do Mundial de Surfe. "Conheci Italo desde menino, surfando em tampa de isopor, porque o pai dele vendia peixe na Pipa e não tinha condições. Hoje é uma honra para Baía Formosa Ítalo ser campeão olímpico, mundial. Vai trazer muita gente para cá, incentivar o turismo", comenta o guia turístico Geuk Duarte Ribeiro, de 52 anos, que é amigo da família.

A concentração e a união de energias para o filho de Baía Formosa, distante fisicamente a 16 mil quilômetros do Rio Grande do Norte, começou cedo, por volta das 19h. Com refrigerantes, salgadinhos, petiscos, cerveja e muito café, a família e os amigos de cerca de 20 pessoas se reuniram em frente a TV para acompanhar Italo Ferreira, que disputou a primeira bateria das quartas de final por volta das 20h10, eliminando o japonês Hiroto Ohhara.

"Isso tudo aqui é para dar energias positivas e torcer por ele. Essa energia aqui o levou à final", comentou a mãe, Katiana, que ao lado de Luiz Ferreira, o pai, eram mais atentos à transmissão.

Nas semifinais, outro aperto no coração. Entre torcer pelo filho e "secar" o australiano Owen Wright, a família foi da ansiedade ao alívio com a ida de Italo Ferreira para a final. A prova foi difícil, tomada pelos momentos de angústia ao ver o potiguar não acertar suas características manobras aéreas. No fim, o potiguar garantiu sua ida à decisão contra o japonês Kanoa Igarashi, que havia eliminado Gabriel Medina.

O período entre o término da semifinal e a grande decisão foi um verdadeiro teste de resistência para amigos e familiares. Com o término da semifinal por volta das 1h30 (horário de Brasília) e a final marcada apenas para às 3h40, muitos em Baía Formosa se mantiveram atentos à TV, enquanto outros resolveram cochilar para guardar as energias para a decisão.

FINAL TEM SUSTO COM PRANCHA QUEBRADA – Logo que entrou na água e partiu para a primeira manobra, Italo teve um susto: sua prancha teve um forte impacto com a água e partiu no meio. Rapidamente a troca foi feita e o surfista não se deixou abalar com o pequeno acidente. Disputando onda a onda com o japonês Kanoa Igarashi, Italo Ferreira não tomou conhecimento e dominou várias ondas, atingindo boas notas e deixando o anfitrião que nadava em casa para trás.

"Eu estou muito feliz, emocionada, qual é a mãe que não se sentirá orgulhosa de ter um filho que vai levar o nome de Baía Formosa para o mundo? É até complicado de falar. É só alegria", disse a mãe.

Com a conquista, Italo Ferreira se consagra como o primeiro surfista da história dos Jogos Olímpicos a vencer a competição. De quebra, também se tornou o primeiro atleta do Rio Grande do Norte a subir no lugar mais alto do pódio. Antes, Virna Dias (vôlei, em 1996 e 2000) e Vicente Lenilson (revezamento 4×100 metros, em 2000 e 2008) haviam conquistado medalhas de prata e bronze, respectivamente.

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