De família talentosa, todos violonistas, Badi Assad sai de seu conforto instrumental para fazer um disco de canções com revisitações a músicas de um universo mais pop do que aquele que geralmente frequenta. Seu disco Singular é, primeiro, de uma coragem respeitável. Assim como o artista de linguagem mais abrangente pode se intimidar diante das pedreiras de um projeto jazzístico, Badi também pode vacilar com a partitura de uma canção da banda inglesa de folk Mumford & Sons nas mãos.
Sair-se bem aqui não é só uma questão de dominar o instrumento. Claro que isso ela faz, mas precisa agora cantar, algo que faz a diferença. O violão vai para o fundo, fica a voz. E essa voz precisa falar com verdade.
Badi sofre para fazer o que tentou ao cantar Royals, de Lorde. Produzida por Ruriá Duprat, e com Carlinhos Antunes na direção artística, a proposta soa perdida. Com percussões afro-baianas evocando timbaladas e um violão de cordas soltas criando o clima, Royals pede algo a mais que Badi não encontra.
Outro momento corajoso foi transformar a canção Little Lion Man, do punk folk Mumford and Sons, em um sambinha entrecortado por tamborim. A ideia aqui é melhor, mais fechada, mas sua voz não precisaria estar se esforçando tanto. Na verdade, seria até melhor colocá-la com mais naturalismo, menos volume, já que resolveu chegar tão próxima da bossa nova. Quanto mais tenta as alturas, mais as limitações ficam evidentes.
Sua postura vocal em Vejo Você Aqui, bela canção inédita feita em parceria com Zélia Duncan, prova isso. Badi funciona muito melhor quando as dinâmicas andam em águas calmas. Seu repertório se completa com o tema The Hanging Tree (do filme Jogos Vorazes, a Esperança Parte 1), Hunger of the Pine (da banda de rock Alt-J), Sedadet (do cantor irlandês Hozier), Stranger (da turma DJ Skrillex, Justin Parker, Sam Dew e Grahan Muvon) e Spirit Dogs (sua parceria com Daved Levita e com o irmão, Sergio Assad).
Badi vai fazer show de lançamento do álbum no próximo dia 7 de outubro, no Sesc Pompeia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.