O Bahrein ordenou neste domingo aos seus cidadãos no Líbano que “deixem imediatamente” o país, depois que o primeiro-ministro libanês renunciou, ontem, citando a intromissão iraniana em assuntos libaneses e regionais. O Ministério das Relações Exteriores do Bahrein informou que os cidadãos de seu país também foram proibidos de viajar para o Líbano.
O Bahrein é uma nação líder para o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, na sigla em inglês), dominado pela Arábia Saudita, e muitas vezes o primeiro a anunciar sanções e proibições de viagem, geralmente visando países vistos como próximos do Irã. Mas os estados membros do GCC já haviam proibido viagens ao Líbano em 2016, após o ministro de Relações Exteriores libanês recusar-se a condenar os ataques às missões diplomáticas sauditas no Irã.
O primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, agitou a política libanesa neste sábado com sua declaração surpresa. Ele apresentou sua renúncia em um discurso televisivo a partir da Arábia Saudita, levando seus apoiadores e oponentes no Líbano a especular que Hariri teria recebido ordens da Arábia Saudita, amplamente vista como seu patrono.
Hariri tornou-se primeiro ministro no final de 2016 em um governo de coalizão que
incluiu o grupo militante xiita Hezbollah, um dos principais oponentes da Arábia Saudita na região. Ele não poderia ter formado um governo sem o grupo, que opera sua própria milícia livremente no Líbano.
Hezbollah e seus aliados receberam poder de veto na política libanesa desde que as forças do grupo tomaram as ruas de Beirute em breves confrontos em 2008. Seu bloco político controla a maior parte do assentos no parlamento do Líbano.
O Hezbollah foi fundado com apoio iraniano em 1982 para resistir à invasão israelense do Líbano e desde então surgiu como um poder regional. O grupo está lutando ao lado de conselheiros iranianos e milícias na guerra civil da vizinha Síria, proporcionando um importante apoio às forças do presidente Bashar Assad, após a repressão às manifestações anti governo terem se transformado em guerra. Dezenas de facções rebeldes na Síria são ou foram apoiadas pela Turquia, Arábia Saudita e aliados do golfo da Arábia Saudita.
O Líbano, dada a rivalidade saudita-iraniana, oficialmente declarou-se neutra em relação à guerra síria. Mas combatentes do Hezbollah entraram na Síria, irritando a Arábia Saudita.
Fonte: Associated Press