Economia

Baixa demanda por crédito elimina necessidade de aportes do Tesouro, diz BNDES

Com o nível de desembolsos para empréstimos registrado até agosto, 25% abaixo, em termos nominais, do valor registrado nos oito primeiros meses de 2014, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) chega ao fim do ano com sua necessidade de funding equacionada. Mais cedo, a instituição de fomento informou que liberou R$ 85,034 bilhões no acumulado do ano até agosto.

“Estamos equacionados com o funding, mas com ajuste na demanda”, afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o superintendente de Planejamento do BNDES, Cláudio Leal, após comparar o banco de fomento com a balança comercial, que registrará neste ano superávit superior ao estimado inicialmente, mas não por causa da alta nas exportações, e sim por causa da forte retração nas importações, na esteira da recessão.

Embora já esteja claro internamente no BNDES que novos aportes do Tesouro Nacional não serão necessários, por causa da queda na demanda por novos empréstimos, Leal afirmou que ainda não há uma estimativa para o total de desembolsos em 2015. Ano passado, o banco liberou R$ 187,837 bilhões. No acumulado em 12 meses até agosto, o valor está em R$ 159,900 bilhões.

“Há algumas incertezas associadas a grandes operações, mas o quarto trimestre, historicamente, é mais forte. Então, a faixa de variação é ampla, mas, obviamente, os desembolsos serão inferiores aos do ano passado”, disse Leal.

O executivo do BNDES reconheceu também que o “cenário bastante difícil” tende a atrasar as operações no novo modelo de financiamento anunciado pela instituição de fomento no início do ano, que restringe a TJLP (a taxa de juros de longo prazo, hoje em 7,0% ao ano) na composição do custo da maioria dos empréstimos e incentiva as empresas a emitirem títulos de renda fixa.

O único lado positivo dos dados do BNDES para este ano, destacou Leal, vem dos empréstimos a médias, pequenas e microempresas. Os valores liberados para empresas de menor porte estão caindo menos do que o total. No caso do Cartão BNDES, linha de crédito pré-aprovada e direcionada para a compra de máquinas e equipamentos, e outros insumos credenciados pelo banco, foram liberados R$ 7,795 bilhões de janeiro a agosto. No acumulado em 12 meses até agosto, os desembolsos têm alta de 14%. “Não me surpreenderia se o Cartão BNDES estiver ocupando o espaço de bancos comerciais que estão com mais aversão ao risco”, afirmou Leal.

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