Economia

Balança tem superávit recorde em maio, revela FGV por meio do Icomex

O superávit da balança comercial em maio atingiu um novo recorde histórico mensal, de US$ 7,6 bilhões, e levou a um saldo acumulado no ano de US$ 29 bilhões. Os dados são do Indicador do Comércio Exterior – Icomex, divulgado nesta terça-feira, 20, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A instituição alerta para a contínua dependência das commodities, apesar do setor externo seguir como um ponto positivo na conjuntura macroeconômica.

“Mais uma vez, desde o final da primeira década dos anos 2000, as commodities explicam o dinamismo das exportações brasileiras. As importações registram aumento em todas as categorias de uso, exceto bens de capital”, destaca em nota a pesquisadora do Ibre/FGV Lia Valls Pereira.

O novo índice, que foi antecipado por meses pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), entrou no calendário mensal da FGV. O objetivo é contribuir para a avaliação do nível de atividade econômica do País, por meio da análise mais aprofundada dos resultados das importações e exportações.

As exportações aumentaram 13% e as importações 9% em valor entre maio de 2017 e 2016. As exportações de soja, minério de ferro e petróleo explicaram 20%, 8,3% e 5,5% do total exportado no mês de maio, respectivamente.

A instituição chama atenção para o elevado crescimento em valor das vendas de petróleo (103%) na comparação entre maio de 2017 e maio de 2016. Nas manufaturas, o destaque foi a exportação de automóveis que representa 3,1% do total das exportações de maio tendo tido um crescimento de 60% em relação a maio de 2016.

Do lado das importações, os resultados em valor registraram aumento em todas as categorias de uso, exceto a de bens de capital com queda de 17% entre maio de 2017 e maio de 2016.

De acordo com a FGV, o bom desempenho das exportações na comparação entre os acumulados do ano até maio de 2017 e 2016 foi liderado pelo aumento nos preços (+13%), seguido de uma variação positiva (+9%) no volume exportado. Para as importações, os preços caíram 1,6% e o volume aumentou em 13% nessa mesma base de comparação.

Em maio, dos três principais produtos exportados pelo País, registraram aumento significativo na quantidade exportada a soja em grão (10,5%) e o petróleo bruto (50%), enquanto o volume embarcado do minério de ferro recuou 1,4%. Entre as principais commodities, o aumento de preços foi liderado pelo petróleo (35,4%), seguido do minério de ferro (19,2%), laminados planos (16%) e suco de laranja (13%).

Entre os principais produtos exportados, os aumentos foram relativamente maiores no volume do que nos preços no mês de maio. No entanto, no acumulado no ano até maio, a variação dos preços dos produtos exportados continuou a superar a do volume.

Nas importações, a variação mensal no volume importado entre maio de 2017 e 2016 foi de 6,2% e nos preços de 3,2%. A FGV aponta que o ritmo de crescimento nas importações, entretanto, mostra uma nítida tendência à queda, enquanto nas exportações, essa tendência é menos acentuada.

“Esse resultado é consistente com as previsões de um PIB menor do que o previsto no início do ano. Lembramos que o comportamento das importações sofre forte influência do nível de atividade”, destaca a FGV em nota.

A instituição concluiu que o comportamento das exportações e importações sugere que a previsão de uma contribuição negativa do saldo das exportações líquidas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017 poderá não se verificar.

De acordo com a instituição, o setor externo continua a ser um dos pontos favoráveis na análise da conjuntura macroeconômica, do ponto de vista da balança comercial, com superávits entre US$ 55 bilhões e US$ 60 bilhões integrando as estimativas dos analistas. No entanto, a FGV alerta que do ponto de vista da análise do comércio exterior como um dos canais para o crescimento econômico do país, os resultados requerem uma “qualificação do otimismo”.

“A dependência das exportações de commodities continua e é preciso avaliar como criar instrumentos que atenuem os efeitos da volatilidade da demanda e dos preços desses produtos”, conclui a FGV em nota.

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