Estadão

Balanço de riscos permanece com fatores em ambas as direções, diz BC na ata

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central repetiu, na ata de seu encontro deste mês, o alerta sobre a desaceleração da concessão de crédito no mercado doméstico "maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária". Esse ponto já estava expresso no balanço de riscos do comunicado da última quarta-feira, 22.

De acordo com os diretores do BC, os outros dois principais riscos de baixa na inflação são a queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local e uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada. O Copom enfatizou que, em relação a isso, merecem atenção particular as condições adversas no sistema financeiro global depois da quebra de bancos nos Estados Unidos e na Europa.

Já entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, o BC ressaltou a maior persistência das pressões inflacionárias globais e a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública. Por fim, apontou também uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos.

Na semana passada, o Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano pela quinta vez seguida. Em relação à decisão deste mês, o BC disse na ata, assim como no comunicado, que a manutenção é "compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante", que inclui 2023 e, em maior grau, 2024.

<b>Sem consenso na avaliação sobre crédito</b>

Após incluir uma possível desaceleração mais forte na concessão de crédito em seu balanço de riscos no comunicado da decisão que manteve a taxa básica de juros em 13,75%, na semana passada, o Copom revelou na ata divulgada nesta terça que não houve consenso nessa avaliação por parte dos diretores do Banco Central.

Diante do aperto adicional nas condições para a oferta de crédito em algumas modalidades, alguns membros do Copom consideraram que esse movimento está em linha com o esperado, considerando a alta da Selic de 2,00% ao ano para 13,75% entre 2021 e 2022.

"Para tais membros, deve-se esperar ainda um aumento da inadimplência e uma desaceleração na concessão do crédito, mas em linha com o que se observou em ciclos anteriores de aperto de política monetária. Em contraste, outros membros avaliam que, no período mais recente, o aperto nas concessões de crédito foi mais intenso do que o esperado, mas focalizado em alguns mercados específicos", destacou a ata, revelando a divergência entre os diretores.

Ainda assim, o Copom enfatizou que o BC possui, no âmbito da política macroprudencial, os instrumentos de liquidez "apropriados e necessários" para endereçar eventuais "fricções relevantes" no sistema de crédito. O colegiado ainda reforçou que a política monetária é mais apropriada para atuar de forma contracíclica sobre a demanda agregada.

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