O presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Haruhiko Kuroda, admitiu nesta quarta-feira que há a possibilidade do núcleo da inflação do país cair para um nível abaixo de 1,0% em 12 meses, em declaração dada após a instituição financeira anunciar que mantém inalterada a sua política monetária.
Em outubro, o núcleo da inflação desacelerou para 1,0%, depois de ter atingido 1,1% em setembro. Apesar de admitir a possibilidade, Kuroda se mostra otimista. Segundo ele, “em algum momento” o consumo vai subir e as expectativas de preços vão crescer. “Há uma grande possibilidade da inflação chegar a 2% em meados do ano fiscal de 2015”, disse.
O presidente do banco central afirmou ainda que a recessão técnica da economia japonesa se deve a três fatores: o aumento do imposto sobre vendas praticado em abril, de 5% para 8%, condições desfavoráveis do clima e ajustes de estoques das empresas. “Mas os efeitos do aumento do tributo no consumo estão perto de acabar”, disse.
Questionado sobre o adiamento da segunda alta do imposto, anunciado ontem pelo premiê Shinzo Abe, Kuroda se recusou a falar em um primeiro momento, mas depois declarou que a medida tem um risco pequeno para a economia e adiantou que o banco central não deverá adotar mais medidas de estímulos por causa disso.
Ele ressaltou, porém, que espera que o governo siga firmemente com a reforma fiscal. “O Japão precisa manter a confiança do público em condições fiscais e é importante que o governo trabalha com a disciplina fiscal que está em destaque na sua política”, afirmou.
Na terça-feira, o governo japonês anunciou que vai adiar para abril de 2017 o segundo aumento do imposto sobre vendas, inicialmente programado para outubro do ano que vem. A medida foi adotada logo depois da decepção do mercado com o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que recuou 1,6% na comparação anualizada, a segunda queda seguida em um trimestre, o que configura recessão técnica. O adiamento é uma tentativa de evitar mais estragos à economia. (André Ítalo Rocha, com informações da Market News International – [email protected])