Você pode até não se lembrar, mas na longínqua década de 90, uma banda inglesa agitava as casas noturnas com uma batida mais suave e de ritmos orgânicos. Liderado pelo baixista Andrew Levy, era a vez do Brand New Heavies se destacar nas pistas de dança, após anos de pura hegemonia eletrônica.
Depois de quase duas décadas desde o seu último e único show no Brasil, os britânicos, que ficaram conhecidos por hits como Never Stop e Dream On Dreamer, retornam nesta quarta, 21, à capital paulista para se apresentar no Bourbon Street, na zona oeste da cidade. “É ótimo estar de volta. Sonhávamos com isso, mas faltavam oportunidades. O público brasileiro é incrivelmente diferenciado. Tenho um amigo que mora em São Paulo e tudo começou depois de algumas conversas com ele. Em apenas três meses, portanto, as coisas já estavam organizadas para levar nossa turnê ao País”, afirma Levy em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo por e-mail.
Sem a emblemática NDea Davenport, primeira vocalista que deixou a banda em 1995, o Brand New Heavies ressurge em terras tupiniquins com Andrew Levy (baixo), Simon Bartholomew (guitarra), Jan Kincaid (bateria, teclados e vocal) e a talentosíssima Dawn Joseph (vocais). Embora as músicas mais populares da banda sejam conhecidas na potente voz de Davenport, Levy garante que Dawn Joseph foi a melhor opção para o grupo inglês desde a saída de Ammerah, a segunda vocalista do grupo. “Claro que não é bom ficar trocando de vocalista.
Há um tempo de adaptação e isso acaba exigindo muito esforço de quem adquire a nova função. Dawn, entretanto, é uma joia rara e assumiu o cargo com muito profissionalismo e disposição. Ela está adorando a tarefa”, garante Levy.
O último trabalho do Brand New Heavies foi o disco Sweet Freaks, de 2014. Na ocasião, os ingleses regravaram a música Sledgehammer, de Peter Gabriel. Apesar do espanto por parte de alguns fãs mais conservadores, o resultado acabou sendo bastante positivo. “Nós gostamos de fazer coisas interessantes. Adoramos escolher músicas que não costumam ser regravadas por bandas de funk. Amamos surpreender o público. Eu acredito que qualquer música do mundo pode entrar no ritmo do funk. Foi assim com a canção de Peter Gabriel”, conclui o baixista.
Embora Levy não goste de citar nomes, ele é um grande admirador de música brasileira. “Adoro Flora Purim, mas, por favor, não me peça para dizer o nome de nenhum outro artista brasileiro. Não consigo me lembrar e, neste momento, estou prestes a entrar em um avião. Depois do show no Rio – a banda também se apresenta na Marina da Glória na semana que vem, no dia 29 -, prometo citar um a um”, brinca o músico.
Apesar do recente disco, o quarteto deve abusar dos clássicos nas duas apresentações que fará hoje (21) e amanhã (22) na capital paulista. Hits dos álbuns Brother Sister (1994) e Shelter (1997) devem predominar no repertório dos shows. “Nenhum clássico ficará de fora. Ainda vamos incluir outras três novas músicas e o single do disco Sweet Freaks. Não se preocupe, nós sabemos exatamente o que nosso público gosta de ouvir”, ironiza. “Estamos mais barulhentos, com mais pegada de funk music. Tenho certeza que, apesar de todos esses anos, continuamos com nosso groove tão enérgico.”
Influências
Atração do extinto Free Jazz Festival, em 1995, no Brasil, Andrew Levy também falou sobre a importância de James Brown para a música do Brand New Heavies. “James Brown foi fundamental na nossa formação. Jan, Simon e eu amávamos seu jeito fantástico de cantar e dançar. Ele tinha uma energia poderosa. Foi com ele que aprendemos a fazer música. O groove de James Brown, somado à sonoridade dos clubes de dança das décadas de 80 e 90, era de fato nossa realidade. Sem isso, jamais seríamos a banda que somos hoje em dia”, complementa Levy. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.