O comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, 2, não forneceu dicas claras se a alta da Selic em março será a última do ciclo de aperto, analisa o Barclays, em relatório. "Pelo contrário, a expressão em relação aos seus próximos passos foi utilizada no plural e não no singular, como na linguagem anterior em para a próxima reunião", pondera o banco britânico.
O Barclays afirma que a contínua deterioração da expectativa de inflação para o horizonte de 24 meses impõe desafios à credibilidade do Banco Central, o que justifica uma postura vigilante por parte da autarquia. "Não prevemos que a inflação atual caia abaixo de 10% até meados do segundo trimestre, com uma trajetória desinflacionária mais clara em direção ao patamar de 8% somente em agosto e fechando o ano em 4,9%", complementa.
Apesar disso, a instituição britânica acredita que o Copom deve alterar completamente o horizonte relevante para 2023 na esteira da reunião de março. Com essa dinâmica em vista e levantando em consideração o patamar já elevado das taxas de juros reais e os canais de transmissão da política monetária mal terem começado a refletir os aumentos já feitos, o Barclays mantém a projeção de alta em 1,0 ponto porcentual em março, levando a Selic terminal a 11,75%.
"De qualquer forma, o risco para o nosso cenário continua inclinado para cima, com altas continuando em maio, a depender de quão desancoradas ou não estiverem as expectativas para a inflação de 2023 neste estágio."
Nesta quarta-feira, o Copom elevou a Selic em 1,5 ponto porcentual, a 10,75%, em linha com a estimativa unânime das instituições financeiras consultadas pelo <i>Projeções Broadcast</i>.