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Barrar a expansão da intolerância

Três fatos que, mesmo não tendo relação direta entre si, merecem nossa atenção, principalmente por que revelam o lado sinistro da nossa sociedade: a prisão, pela Polícia Federal, de dois internautas racistas; a participação de membros do ultraconservador Instituto Plínio Corrêa de Oliveira nas manifestações antiaborto realizadas em São Paulo e, por último, o aumento no número de mortes e atos violentos contra moradores de rua no Brasil.


 A PF investiga a possibilidade de os dois internautas presos – que faziam apologia ao crime contra negros, mulheres e animais, além de incentivar a pedofilia e planejar ataques a estudantes ditos de esquerda – terem orientado Wellington Menezes de Oliveira a realizar o massacre de doze alunos na escola de Realengo, no Rio de Janeiro, em abril de 2011.


 A participação de membros do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, nas manifestações antiaborto organizadas por setores da Igreja Católica também revela traços de obscurantismo, pois trata-se de uma organização protofascista que manipula o medo da mesma maneira que a velha Tradição, Família e Propriedade (TFP), organização católica de extrema-direita que colaborou ativamente com a ditadura militar. O fanatismo integrista da TFP levou a CNBB a publicar manifesto contrário à sua atuação em 1985.


 Por último, os levantamentos feitos pelo Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores (CNDDH) mostram que, entre abril de 2011 e a meados de março deste ano, houve 165 homicídios de moradores de rua no Brasil. Desse total, 113 casos não tiveram investigações concluídas e ninguém foi responsabilizado pelos crimes.


 São números escandalosos e que chamam atenção. Eles expressam o crescimento da intolerância em alguns setores da nossa sociedade, alimentado tanto por grupos religiosos fundamentalistas quanto por organizações de extrema-direita.


A facilidade de comunicação por redes sociais ajuda a disseminar no país essas ideologias do ódio. E, como mostrou a experiência histórica, só a união de todos os setores democráticos da nossa sociedade pode barrar a expansão da intolerância fascista


 


José Luiz Guimarães


Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna

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