O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso defendeu de forma veemente a política de isolamento social como forma de combater a epidemia de coronavírus. "O instrumento eficaz é o isolamento. As evidências empíricas mostram que essa é a ferramenta para enfrentar o problema", afirmou, em entrevista à rádio BandNews na tarde desta sexta-feira, 10. Ele lembrou que muitos países do primeiro mundo, como Espanha, Estados Unidos e Itália, não adotaram a medida num primeiro momento e agora enfrentam índices de letalidade "devastadores".
"Parece que depois de duas ou três semanas de isolamento rigoroso, consegue-se o achatamento da curva de contágio", afirmou, conclamando à população que preste atenção "ao que dizem os especialistas, não os políticos". "É ruim misturar saúde pública com varejo político", afirmou Barroso, para quem o surgimento da doença resgatou os valores iluministas da ciência e da razão.
O presidente Jair Bolsonaro tem defendido medidas mais brandas de isolamento social como forma de amenizar os efeitos do surto na economia e no mercado de trabalho.
O ministro disse entender o lado de quem precisa trabalhar – "não estão vivendo uma situação banal" -, e destacou que o governo está promovendo ações para quem não pode fazer home office. "Mas se o trabalhador sair, pegar a doença e morrer, a situação da família vai ser ruim para a eternidade, ou mesmo se trouxer o vírus para casa e contaminar a família, carregará para sempre a culpa e a angústia", comentou.
Barroso disse estar trabalhando em casa, fazendo videoconferências, não só para se proteger, mas também aos outros. "Temos de ter cuidado e preocupação com as pessoas (economicamente), mas temos de preservar a vida acima de tudo", disse.