Economia

Base aliada defende aprovação da meta fiscal após decreto assinado por Dilma

Parlamentares da base aliada afirmaram ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, não ver problemas na aprovação do projeto que revisa a meta fiscal de 2015 somente após a presidente Dilma Rousseff assinar, na segunda-feira (30), um decreto no qual vai bloquear recursos orçamentários e evitar o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU). A votação da proposta só deve ocorrer no dia seguinte (1º), quando haverá sessão do Congresso.

A oposição classificou a ação do governo como uma “chantagem mentirosa” para que o Legislativo aprove a mudança e garanta uma anistia a Dilma de eventuais questionamentos à LRF e a determinações do TCU. Na segunda, Dilma assinará um decreto em que fará um corte de R$ 10 bilhões no Orçamento da União e, por isso, o governo não poderá empenhar novas despesas a partir do dia seguinte.

Como a proposta que altera a meta para permitir um déficit de até R$ 119,9 bilhões (2% do PIB) não foi aprovada, ainda está em vigor a meta atual, de um superávit de R$ 66,3 bilhões (1,1% do PIB). O texto iria à votação na quarta-feira (25), mas a sessão do Congresso foi adiada após a prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS).

O relator-geral do Orçamento de 2016 e um dos vice-líderes do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que o projeto que revisa a meta deverá ser aprovado pelo Congresso na próxima semana. Segundo ele, se isso não ocorrer na terça-feira (1º), quando há três vetos presidenciais na frente da pauta, deve ocorrer no dia seguinte.

“Vamos aprovar e cumprir essa formalidade”, disse, ao citar o fato de que, por lei, a 30 dias do final do ano o governo tem de fazer o enquadramento da meta fiscal em vigor.

Aliado do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), defendeu a aprovação rápida da mudança da meta fiscal. Eunício disse que não haverá prejuízos para a máquina pública – com paralisação das atividades – se a proposta demorar “um ou dois dias” para ser aprovada.

O senador Acir Gurgacz (PDT-RO), relator de Receitas do Orçamento de 2016, vai na mesma linha do colega de Senado. “Não vejo problema em aprovar um dia a mais ou a menos de atraso”, disse. “Não é uma resposta que o Congresso dá para o governo, mas para o País”, completou ele.

Para o líder da oposição na Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), o governo faz uma “chantagem vergonhosa” com o Congresso para aprovar a revisão da meta. Ele disse que o corte que o Executivo fará na segunda-feira é ínfimo e não cobre a diferença entre a meta em vigor e a que vai ser alterada.

“O governo quer jogar a população contra o Congresso e tirar o foco do Executivo. Quem executa o orçamento é o governo”, disse o deputado tucano. Ele afirmou que a oposição – minoria na Casa e que é contra a mudança da meta fiscal – vai lançar mão de manobras regimentais para tentar impedir a votação da proposta.

Além da questão da paralisia do governo, Dilma tem outra preocupação em aprovar logo a revisão da meta. Caso a proposta não seja aprovada em 2015, a oposição poderia alegar que a presidente cometeu crime de responsabilidade fiscal, passível de apresentar um novo pedido de impeachment contra ela.

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