Após a abertura de um inquérito civil que apura possíveis responsabilidades do Banco do Brasil na escravidão e no tráfico de pessoas negras no País no século XIX, o banco afirma que reconhece o direito à verdade. O BB diz ainda, por outro lado, que arquivos da época mostram que o banco teve papel central na Abolição da Escravatura, em 1888, e que tem sido pioneiro em políticas ligadas à diversidade no País.
Em nota divulgada nesta sexta-feira, 27, o BB afirma que a escravização de pessoas negras por centenas de anos causou danos irreversíveis aos escravizados e descendentes, que lamenta profundamente esse capítulo da história da humanidade e que defende que seja discutido.
"Diante disso, o BB é ativo em nossa sociedade sobre diversidade e, junto ao Ministério Público Federal, reconhece o direito à verdade, como ferramenta de compreensão da história, inclusive com o objetivo de prevenir a repetição de práticas e condutas reprováveis a partir da perspectiva atual, a exemplo das relacionadas à escravidão", diz o banco público.
O BB afirma que valoriza o trabalho de historiadores e que mantém um museu aberto ao público, por acreditar na importância do estudo da história. Diz ainda que os arquivos mostram que o banco teve papel central na Abolição da Escravatura, decretada em 1888.
"Ou seja, consideramos que é importante que se tenha uma leitura completa da realidade da época, com a devida consideração do contexto histórico, social, econômico, jurídico e cultural do período em que se desdobrou a escravidão", afirma o BB. "Desta forma, os debates sobre a escravidão, para serem efetivos e ganharem a dimensão merecida, devem envolver toda a sociedade brasileira atual, devendo as instituições do presente compartilhar iniciativas que contribuam para a construção de um País com cada vez mais justiça social."
O inquérito do MPF foi instaurado em setembro, após uma manifestação apresentada por 15 professores e universitários que afirmaram que o BB tinha em sua diretoria e no quadro de sócios, no século XIX, pessoas ligadas ao comércio clandestino de africanos e à escravidão.
O MPF pediu uma reunião com a presidência do banco para esta sexta, e solicitou ainda que fossem informadas iniciativas do banco para fazer reparações relativas a esse período.
Criado em 1808, o BB completou 215 anos neste mês e pela primeira vez na história, é comandado por uma mulher, Tarciana Medeiros, que também é negra.
Segundo o banco, a gestão de Medeiros deu ainda mais ênfase a ações pela diversidade e pela inclusão que foram realizadas ao longo das últimas décadas.
"O compromisso com a diversidade é central na estratégia do Banco do Brasil e a atuação do BB vai além da legislação, na vanguarda do tratamento à diversidade, promovendo o debate público sobre este tema e realizando ações concretas em prol da inclusão social", diz o banco.
O BB elenca exemplos como o compromisso de chegar a 30% de pretos, pardos e indígenas em cargos de gestão até o ano de 2025, declarado no início deste semestre, além de o banco ter se tornado embaixador do movimento Raça é Prioridade, do Pacto Global da ONU Brasil.
O banco também destaca o peso de seus papéis no IDiversa, índice da B3 que reúne ações de companhias comprometidas com a causa da diversidade.
Afirma ainda que está disponível para prestar esclarecimentos sobre o tema e que participa de iniciativas que articulem os atores da sociedade para pensar em estratégias e ações que acelerem a inclusão étnico-racial.
"O Banco do Brasil fez, faz e fará muito pela diversidade e desenvolvimento não só social, como ambiental e econômico em nosso País", afirma ainda o banco. "Mas é imprescindível a mobilização coletiva, o envolvimento da sociedade, a exemplo do Estado, entidades e órgãos públicos vinculados às suas três funções, universidades e demais instituições públicas e privadas, sem o que o combate à desigualdade étnico-racial não alcançará as potencialidades de uma ação nacional coordenada."