Chega ao fim uma das mais acaloradas edições do Big Brother Brasil, e o que aconteceu dentro da casa não foi muito diferente do que ocorre fora. Polarização, racismo, tortura psicológica, sexualidade, rejeição e cancelamento foram alguns temas que marcaram o reality show. Discussões que viraram moda recentemente ou que desafiam o País há séculos. E o que fica?
Para Daniel Martins de Barros, psiquiatra e colunista do <b>Estadão</b>, o BBB pode pautar uma discussão, mas ele também é pautado por ela. "Se o programa trouxe esses pontos é porque estávamos, de alguma maneira, falando sobre eles ou começando a pensar sobre esses problemas. O programa não vai trazer uma modificação para a sociedade, mas ele é mais um tijolo para construir algumas dessas mudanças", comenta. Mesmo que a discussão esfrie. "O assunto, obviamente, vai sair da pauta, não vai continuar reverberando na mesma intensidade, mas é um movimento."
O confinamento imposto também aos brasileiros, pela pandemia, contribuiu para que esta fosse uma das mais vistas e comentadas edições do BBB – uma edição vencida pela maquiadora paraibana Juliette Freire.
"As pessoas comuns, no programa, se transformam em celebridades. E isso mexe um pouco com o nosso imaginário e nos aproxima um pouco desses famosos. Um famoso que era como a gente, mas que agora é famoso", diz o psiquiatra. Ele completa: "E as narrativas de batalha, vitória e superação de obstáculos tendem a fazer muito sucesso".
Este foi um BBB que ajudou o brasileiro a mudar o foco e a pensar em questões urgentes. "Acredito que os bons números vieram deste contexto de pandemia: as pessoas precisavam de coisas para se distrair, se desligar e, pelo menos naquele momento, não ficar pensando em vírus, vacinas e perdas. E também do fato de terem conseguido colocar em pauta temas que estavam reverberando na sociedade, e o programa explorou bem isso."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>