Apesar de admitir que a atividade econômica tem apresentado mais resiliência que o esperado pelo Banco Central, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve nesta quarta-feira, 20, a avaliação de que haverá sim um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres. Um hiato do produto mais apertado que o projetado é um dos fatores de risco para uma inflação maior que a prevista, segundo o BC.
O colegiado seguiu seu plano de voo e reduziu pela segunda vez seguida a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 12,75% ao ano, em decisão unânime.
Em curto parágrafo sobre o cenário doméstico, o BC destacou que, como antecipado pelo Copom, ocorreu uma elevação da inflação cheia ao consumidor acumulada em doze meses no período recente. "As medidas mais recentes de inflação subjacente apresentaram queda, mas ainda se situam acima da meta para a inflação", completou o colegiado.
<b>Importância da execução das metas fiscais</b>
Apesar de não citar a evolução da questão fiscal no balanço de riscos para a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central dedicou um parágrafo do comunicado para destacar a importância de o governo cumprir as metas de resultado primário já estabelecidas.
Enquanto o mercado segue duvidando da capacidade da equipe econômica em entregar a meta de resultado primário zero em 2024 como estabelecido no novo arcabouço fiscal , o Copom destacou a relação entre esse objetivo e a reancoragem das expectativas de inflação em prazos mais longos.
"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas", destacou o comunicado.
Já o balanço de riscos continuou com fatores em ambas as direções, semelhante ao quadro da reunião anterior, de agosto. Entre os riscos de alta para a inflação está uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada, em função de um hiato do produto mais apertado.
Já entre os riscos de baixa para o cenário inflacionário, está uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
<b>BC destaca alta de juros longos nos EUA e perspectiva de menor PIB na China</b>
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central destacou novas incertezas no cenário externo frente à reunião anterior, em agosto, no comunicado divulgado há pouco. O comitê disse que "notou" a elevação das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos e a perspectiva de desaceleração econômica na China, o que exige atenção de países emergentes, como o Brasil.
"O Comitê notou a elevação das taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos e a perspectiva de menor crescimento na China, ambos exigindo maior atenção por parte de países emergentes", disse, no comunicado.
O colegiado resumiu que o ambiente externo "mostra-se mais incerto". Além das novas preocupações nos EUA e na China, o BC voltou a destacar que o processo de desinflação global continua, mas os núcleos de inflação ainda elevados e o mercado de trabalho resiliente em diversos países.
"Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas", reforçou.