Para o Banco Central, a alta dos preços administrados teve papel determinante na inflação de 2015, que fechou em 10,67%. Em carta aberta ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, na qual o BC explica os motivos por não ter mantido o custo de vida dentro dos limites de tolerância, a instituição afirma que o último semestre de 2015 foi comprometido por novos ajustes nos administrados. A autoridade monetária argumentou ainda que a mudança na trajetória da política fiscal afetou as projeções para o IPCA e para os preços de ativos.
A alta dos combustíveis e a elevação do dólar frente o real também foram apontados como violões pelo BC a partir da segunda metade do ano passado. “O último semestre de 2015 também foi comprometido pelos efeitos de novos ajustes nos preços administrados, advindos, principalmente, da variação nos preços dos combustíveis, e pelo repasse da desvalorização cambial observada ao longo do ano”, diz um trecho da carta.
Culpa
Depois de a inflação do ano encerrar 2015 em 10,67%, bem acima do teto da meta, e o Banco Central se ver obrigado a divulgar uma carta aberta explicando os motivos por não ter cumprido sua missão, a instituição dividiu parte da culpa com o Ministério da Fazenda e o restante do governo. No documento que traz as explicações da autoridade monetária para um IPCA tão elevado, a instituição afirma que a mudança na trajetória da política fiscal afetou as projeções para a inflação e para os preços dos ativos e gerou impactos na avaliação sobre a economia e sobre a confiança dos agentes.
Segundo o BC, as mudanças na política fiscal contribuíram “para a deterioração das avaliações sobre o ambiente macroeconômico no médio e no longo prazo e da confiança dos agentes econômicos”. A instituição pondera que as expectativas, no final de 2014, apontavam para um cenário positivo, com queda nas expectativas para a inflação suavizada 12 meses a frente. Esse movimento durou até o fim de agosto, “coincidindo com eventos negativos, do ponto de vista das expectativas de inflação, relacionados à definição da política fiscal”.
O documento diz ainda que a piora das expectativas a partir da segunda metade do ano passado é consistente com o segundo movimento de desvalorização cambial observado em agosto e setembro, seguido de outro episódio de volatilidade ao final do ano.
Na TV
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta sexta-feira, 8, em rápida entrevista exibida no Jornal Nacional, da TV Globo, que a instituição tem “a taxa básica de juros” (a Selic) e que este é o instrumento que utilizará para conduzir a inflação à meta.
O comentário foi feito no mesmo dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2015 indicando inflação de 10,67%, bem acima do teto da meta para o ano, de 6,5%, e ainda mais distante do centro da meta, de 4,5%.
Oficialmente, o governo tem indicado que o controle da inflação é prioridade e que o esforço é para que o centro da meta estabelecida seja alcançado até o fim de 2017.