O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen, enfatizou na manhã desta segunda-feira, 11, que os cálculos da autoridade monetária não apontam para um aumento da inércia da inflação, a despeito da alta persistente de preços desde o ano passado.
"Nossa hipótese de trabalho é de que não houve mudança no parâmetro de inércia. O que temos são choque persistentes no tempo, o que leva a confundir com persistência da inércia", afirmou, em evento virtual promovido pelo Credit Suisse.
Guillen destacou ainda que o Copom elevou a estimativa de taxa neutra da economia brasileira de 3,5% para 4,0% com o entendimento de que o novo patamar reflete um balanço de riscos mais simétrico. "Com inflação e juro mais altos, os modelos tentem a buscar uma taxa neutra mais alta, que não é o caso", ponderou.
<b>Commodities</b>
Diogo Guillen também disse no evento que a sustentação da queda observada nos preços de commodities na margem vai depender de fatores macroeconômicos e microeconômicos à frente. De acordo com Guillen, o risco de uma recessão global é um dos fatores macroeconômicos que pesam para a desaceleração das commodities. Ao mesmo tempo, a redução das expectativas de crescimento da China e Estados Unidos ajuda a explicar o movimento, com impacto sobre os preços de commodities metálicas.
Guillen citou ainda entre os fatores uma melhora do cenário para fertilizantes, à medida que parte da Ucrânia conseguiu manter a produção. Em contrapartida, o economista nota que o mundo tem observado uma rodada de restrições à exportação de alimentos em países produtores, causando um choque incomum para a economia global.
"Esse é um choque diferente. Pensando em preços agrícolas, você normalmente pensa em choques climáticos, choques de menor persistência, mas esse é um choque diferente, que diminui a eficiência de oferta e demanda no mercado de commodities agrícolas", afirmou.