Economia

BC prevê déficit de US$ 4,9 bilhões para setor externo em outubro

O chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, informou nesta sexta-feira, 23, que a previsão da instituição é de um déficit das transações correntes de US$ 4,9 bilhões em outubro. No mesmo mês até o dia 21, segundo ele, houve ingresso de US$ 4,2 bilhões na conta de Investimento Direto no País (IDP). Com isso, a previsão para as entradas de IDP em outubro está em US$ 5,7 bilhões.

Rocha salientou que as transações correntes continuam a mostrar redução do déficit no mês ante idêntico período de 2014. Em setembro, o saldo ficou negativo em US$ 3,076 bilhões e, um ano antes, em US$ 8,385 bilhões. “O resultado está significativamente inferior ao de setembro do ano passado e movimento está em linha com o que estamos vendo ao longo do ano”, afirmou.

Segundo o técnico, esse movimento pode ser explicado pela fraca atividade econômica do País neste ano, que está em recessão, e a desvalorização do câmbio que deixa mais favoráveis as colocações de produtos no exterior e mais caros os itens importados pelo País. Ele enfatizou também que esse movimento é generalizado conta das transações, sendo identificado não apenas na balança comercial, mas também nas rubricas de serviços e de rendas.

Com isso, de acordo com Rocha, o resultado acumulado do ano é um terço menor do que o de janeiro a setembro de 2014. Além disso, ele lembrou que o financiamento vem acontecendo basicamente com o ingresso de IDP, que se mantém entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões nos últimos meses.

Para ele, diante desse quadro, o déficit em conta corrente tem sido financiado integralmente por um capital de maior qualidade. “Essa (IDP) é uma fonte de mais longo prazo e estável”, observou.

Rocha destacou ainda que esses investimentos são compostos por empréstimos intercompanhia, que tem apresentado uma redução, e por participação no capital. No caso dos empréstimos, eles tem apresentado uma redução de fluxo, tendo passado de US$ 3,423 bilhões em setembro do ano passado para US$ 1,670 bilhão em igual mês de 2015.

Remessas de lucros e dividendos

O chefe adjunto do Banco Central afirmou que a conta de serviços tem apresentado uma redução dos déficits influenciada pelo câmbio e pela atividade econômica em recessão. “A redução das remessas de lucros e dividendos era esperada e está associada a recessão no País”, exemplificou. “Os lucros são auferidos em reais e isso também contribui para redução das remessas”, disse.

Rocha ponderou ainda que é possível observar que o resultado da conta de serviços apresenta uma trajetória de redução dos déficits, da mesma forma que há melhora da balança comercial de bens, com superávit maior. Segundo ele, na conta de serviços também há melhora que se traduz em redução do déficit dessa conta.

O técnico do BC observou também que, enquanto a conta de remessas de lucros e dividendos cai 35% no ano, a de juros segue estável, um cenário que colabora para redução da conta de serviços. Ele também destacou que neste ano, com a nova metodologia do balanço de pagamentos, o BC trouxe a rubrica de lucros reinvestidos e, como esperado, em um momento de atividade mais fraca, há redução desse item.

As contas de viagens e transportes também deram colaborações importantes para a redução dos déficits. “Essa redução de superávit ocorre nas contas de viagens internacionais e transportes, contas que tem déficits importantes. Na conta de transportes, dado o fluxo de comércio, as despesas têm se reduzido. Temos observado no ano redução de 29%”, argumentou.

Para Rocha, a redução do déficit da conta de viagens tem se acentuado nos últimos meses. Ele observou que na comparação entre setembro deste ano e igual mês de 2014 houve uma queda de 59%. “Estamos vendo mês a mês redução na margem se acentuando na conta de viagens, óbvio que isso tem correlação com a taxa de câmbio. Uma depreciação cambial torna mais cara uma viagem para o exterior”, ponderou.

Ele ainda apresentou dados parciais para a conta de viagens até 21 de outubro. Segundo Rocha, as receitas com gastos de estrangeiros no Brasil estão em US$ 285 milhões; as despesas de brasileiros lá fora ficaram em US$ 693 milhões. A diferença entre esses ingressos e saídas deixou um saldo parcial de US$ 408 milhões.

Investimento líquido em ações

O chefe adjunto do Departamento Econômico do BC informou que, em outubro, até o dia 21, o investimento líquido em ações soma US$ 1,167 bilhão, enquanto o de renda fixa negociado no mercado doméstico, no mesmo período está negativo em US$ 1,515 bilhão. “Os investimentos em renda fixa têm mais volatilidade”, afirmou.

O técnico disse que podem ser variadas as interpretações desses números. Como a saída de um tipo de investimento para outro no período, com os recursos permanecendo no Brasil. “O conjunto de avaliação econômica sobre a atualidade e dos próximos meses é importante para os investidores estrangeiros”, disse. “Claro que buscam rentabilidade e a taxa de juros maior é atrativa, assim como a incerteza sobre o câmbio pode reduzir lucros em moedas estrangeiras. Além disso, tem as perspectivas sobre o desempenho da economia”, conjecturou.

Os determinantes, resumiu Rocha, são diversos, pois pode ter também influência de questões microeconômicas. “Tanto em setembro quanto em outubro há entradas em ações e saídas em renda fixa, então não me parece adequado buscar explicação específica separada. É claro que a situação brasileira é muito difícil, muito incerta, mas também há ingresso em títulos negociados no exterior e, em todos os casos, são investidores brasileiros buscando exposição na economia brasileira e escolhem as suas modalidades”, considerou.

Posso ajudar?