O Banco Central (BC) previu crescimento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. A estimava é menos otimista do que a do Ministério da Fazenda, que considerou na proposta de Orçamento de 2016 uma previsão de alta de 1,6% no ano que vem. Para 2016, o BC manteve a estimativa de recuo de 3,3% da economia brasileira.
Para o BC, a retomada será puxada pelo setor agropecuário, que sairá de uma queda de 2,2% em 2016 para uma expansão de 3,5%. A indústria, setor que mais sofreu com o período longo de recessão econômica, apresentará um alta de 1,5% no ano que vem. Em 2016, o setor industrial deve apresentar uma queda de 3,3%, de acordo com as novas projeções do BC.
O setor de serviços também terá uma recuperação, na avaliação do BC que consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado na manhã desta terça-feira, 27. Pelas novas projeções, o setor de serviços terá crescimento de 0,9%, depois de uma queda prevista de 2,7% em 2016.
O crescimento do PIB em 2017 também será puxado pelo recuperação dos investimentos. A chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) terá uma alta de 4%. A estimativa para esse ano é de queda de 8,7% dos investimentos. A projeção anterior para 2016 era um recuo de 11,6%.
O BC previu ainda que as exportações devem crescer 4,5% em 2017 e as importações de bens e serviços terão alta de 6,0%.
Essas aumentos, diz o BC, estão associados, na esfera das exportações, às perspectivas mais favoráveis para a indústria e para a agropecuária, e relativamente às importações, às projeções de aumentos para o consumo das famílias e para a formação bruta de capital fixo.
A contribuição da demanda interna para a expansão anual do PIB em 2017 deverá atingir 1,6 ponto porcentual. Já a contribuição do setor externo será negativa em 0,3 ponto porcentual.
Consumo
O Banco Central previu uma queda ainda maior do consumo do governo em 2016. A projeção para esse indicador do Produto Interno Bruto (PIB) passou de queda de 0,8% para um recuo de 1,3%. O mudança desse componente fiscal não foi explicada pelo BC no Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Também houve uma piora da previsão de consumo das famílias. O BC passou a projetar uma queda de 4,4% em 2016, ante 4% no relatório anterior. Para o BC, essa alteração é compatível com os processos de distensão no mercado de trabalho e desaceleração do mercado de crédito.
O BC reviu de -11,6% para -8,7% a projeção de investimentos – Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Segundo o BC, essa melhora é compatível com a evolução na absorção de bens de capital e na construção civil.
Política fiscal
O Banco Central ressalta que as previsões do Relatório Trimestral de Inflação ainda dependem de uma importante variável: a evolução da política fiscal. Ao contrário da edição anterior divulgada em junho, o BC não publicou projeção oficial da casa para o resultado primário e o documento cita, apenas genericamente, que a proposta do Orçamento de 2017 prevê redução do déficit e indicação de recuperação gradual nos anos seguintes.
“As projeções aqui apresentadas dependem ainda de considerações sobre a evolução da política fiscal”, cita o RTI divulgado nesta manhã. Em junho, o documento anterior previa déficit primário de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e resultado primário negativo de 0,9% no próximo ano.
O documento divulgado nesta terça lembra apenas que “para 2017, a proposta de legislação orçamentária aponta redução do déficit primário previsto para o período”. Além dessa proposta, o texto menciona ainda que há indicação “para os anos seguintes, de recuperação gradual do equilíbrio nas contas públicas”. Apesar desse parâmetro, não há qualquer número previsto.
Sobre o tema fiscal, o relatório menciona que “os principais efeitos desta política estão associados ao processo de ajuste da economia, que envolve encaminhamento de importantes reformas propostas pelo Governo para apreciação pelo Congresso Nacional”.
O texto é genérico e menciona apenas que “esses efeitos podem ser capturados pelos modelos utilizados para produzir as projeções na medida em que influenciem preços de ativos e expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus”. “Além desses efeitos, a política fiscal influencia as projeções condicionais de inflação por meio de impactos decorrentes de medidas de curto prazo sobre a demanda agregada”, cita o documento.