A economia brasileira vai fechar o primeiro ano do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff com retração de 3,6%. A previsão é do Banco Central que consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na manhã desta quarta-feira, 23. A previsão anterior do BC indicava queda de 2,7%. Para 2016, o Banco Central previu uma queda de 1,9% do PIB.
A desaceleração da economia brasileira em 2015 foi puxada pela redução forte dos investimentos, da indústria e de serviços. A estimativa de recuo para a produção da indústria passou de 5,6% para 6,3%. O setor de serviços deverá recuar 2,4%, ante previsão anterior de queda de 1,6%. A produção agropecuária deverá crescer 1,7%, ante estimativa anterior de 2,6%, arrefecimento consistente com a revisão para a produção de importantes culturas. Os investimentos vão levar um tombo de 14,5% este ano, de acordo com as novas previsões do BC.
A revisão da projeção para o crescimento do PIB em 2015 incorpora os resultados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o terceiro trimestre do ano, a revisão da série histórica das contas nacionais trimestrais e estatísticas disponíveis para o trimestre em curso. Os analistas do mercado financeiro estimam na pesquisa Focus uma queda de 2,80% do PIB em 2016 e de 3,70% este ano.
2016
As projeções para recuo de 1,9% do PIB em 2016 levam em conta que a agricultura deverá crescer 0,5%, cenário mais desfavorável do que o crescimento de 1,7% previsto para 2015. Para a indústria, o BC projeta uma queda de 3,9% em 2016, o terceiro recuo anual consecutivo e consistente com o impacto do cenário de patamar historicamente reduzido da confiança dos empresários e nível de estoques ainda elevado. Na avaliação do BC, esse cenário poderá ser mitigado por eventuais ganhos de competitividade decorrentes da depreciação cambial.
O setor de serviços deverá recuar 1,2% em 2016, seguindo a dinâmica da produção industrial, e o consumo das famílias vai recuar 2%. Já o consumo do governo deve subir 0,4% no ano que vem. Para os investimentos – a chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – a expectativa é de recuo de 9,5%, ante queda de 14,5% em 2015.
A perspectiva traçada pelo BC para investimentos é que choques que impactaram acentuadamente a evolução desse componente da demanda em 2015 não se repitam com a mesma intensidade em 2016. A retração anual repercute, em especial, o cenário negativo para a construção civil e o recuo acentuado na absorção de bens de capital, em ambiente de encarecimento do crédito e níveis historicamente reduzidos da utilização da capacidade instalada.