O Banco Central projeta uma reação do crédito nos últimos três meses deste ano. Durante coletiva de imprensa sobre os dados do setor referentes a agosto, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, divulgou resultados da Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito. A expectativa é de que no último trimestre do ano a aprovação de crédito de pessoas físicas para consumo já apresente crescimento, assim como a aprovação de crédito para habitação.
A avaliação do BC é feita por meio de um indicador que varia entre -2, que indica menos concessões, e +2, que indica mais concessões. Para o último trimestre deste ano, a expectativa de aprovação de crédito de pessoa física para consumo gera um índice de +0,05 e, para habitação, de +0,50.
No trimestre encerrado em setembro, estas modalidades geraram índices de -0,29 e +0,13. “Há expectativa de que haja mais aprovação de crédito habitacional nos últimos três meses do ano”, comentou Maciel, ao avaliar os números.
No caso das grandes empresas, o indicador de aprovação de crédito referente ao período de julho a setembro atingiu -0,55%. Para os meses de outubro a dezembro, está em -0,15, o que sugere uma perspectiva não tão ruim. No caso de micro, pequenas e médias empresas, o índice é de -0,87 para os últimos três meses e de -0,40 para os próximos três meses.
Maciel explica que estes indicadores refletem o desempenho passado e consideram as perspectivas para o fim do ano. Ele chamou atenção para o fato de a demanda por crédito por parte de micro e pequenas empresas já estar positiva, conforme as projeções para o fim do ano.
Ao avaliar de forma geral o mercado de crédito, Maciel citou que o ambiente está mudando. “Temos o mercado de crédito ao longo do ano muito influenciado pela retração econômica e pela elevação dos juros. Mas há uma mudança de ambiente, que a gente percebe em indicadores macroeconômicos e de confiança”, comentou o chefe do Departamento Econômico. “E na nossa sondagem de crédito, isso também se reflete em melhora no último trimestre”.
Maciel afirmou ainda que, “neste momento, certamente o crédito não liderará o processo de reação (da economia), mas poderá contribuir. Há sinais incipientes neste sentido”, acrescentou. Para 2017, segundo Maciel, há perspectiva de que o crédito seja mais favorável do que foi em 2016.
Instituições financeiras
O Banco Central alterou nesta quarta-feira suas projeções sobre o crédito das instituições financeiras. A projeção de oferta de crédito em 2016 pelas instituições públicas passou de alta de 4% para recuo de 1%. No ano passado, houve elevação de 10,7%.
Já as projeções para a oferta de crédito por instituições privadas nacionais este ano passou de retração de 4% para elevação de 2% (queda de 0,5% em 2015). Esta mudança, segundo Tulio Maciel, foi influenciada pela compra, no Brasil, do HSBC (uma instituição estrangeira) pelo Bradesco (um banco nacional). A operação aumentou a carteira de crédito ligado a instituições privadas nacionais como um todo.
Também em função da operação do Bradesco com o HSBC, a projeção do Banco Central para a oferta de crédito por instituições financeiras estrangeiras em 2016 passou de alta de 1% para recuo de 16%.
Maciel informou ainda que, caso a compra do HSBC pelo Bradesco não tivesse sido fechada, a projeção de oferta de crédito pelos bancos privados nacionais este ano passaria de -4% para -3%. No caso dos estrangeiros, iria de +1% para -4%.