Confirmando o abandono da indicação dada na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual (pp.) nesta quarta-feira, 8, interrompendo um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 pp.
Os juros básicos da economia caíram de 10,75% para 10,25% ao ano, em decisão dividida dos nove membros do colegiado – inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segue reclamando do patamar dos juros no País. Foram 5 votos a 4 pela queda de 0,25 pp.
A redução no ritmo de corte – apesar da indicação da autoridade monetária de que manteria a redução de 0,50 pp. neste encontro – já estava dividindo o mercado. Era levemente majoritária a expectativa de que a cúpula do BC optaria por uma redução menor da taxa, de 0,25 ponto porcentual, interrompendo o ciclo de 0,50 pp. iniciado em agosto do ano passado.
Conforme a pesquisa do <i>Projeções Broadcast</i>, a diminuição do ritmo para 0,25 pp. era a aposta de 25 das 45 casas consultadas (55%). Duas semanas antes dessa reunião, a avaliação preponderante era de novo corte de meio ponto na taxa básica de juros – 20 instituições permaneciam nesta posição.
Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 6,54%, apenas atrás da Rússia (7,79%). Em terceiro, aparece o México (5,88%).
A média das 40 economias pesquisadas é de 0,12%. Até o Copom de março, o juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, era estimado pelo BC em 4,5%, embora o mercado já considerasse uma taxa maior, de 5,0%.
<b>Inflação</b>
No mercado, a expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do Comitê, (de 3,79% para 3,72%) enquanto, para 2025, foco principal da política monetária, houve aumento – de 3,50% para 3,64%. As estimativas do mercado seguem acima da meta contínua, de 3,00%. Para horizontes mais longos, o Focus também mostra desancoragem.
Na última reunião do Copom, o BC sinalizou que para promover uma nova redução de 0,5 ponto porcentual na Selic era preciso a confirmação de um "cenário esperado". Desde então, a equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, propôs uma piora nas metas para as contas públicas em 2025 e 2026. Além disso, houve piora do cenário externo, com a inflação pressionada nos Estados Unidos.