Economia

BC reduz previsão de déficit em transações e eleva projeção para balança em 2016

O Banco Central (BC) revisou nesta sexta-feira, 24, suas projeções para o comportamento do quadro do setor externo de 2016. A previsão para o rombo das transações correntes, que estava em US$ 41 bilhões na virada do ano e passou para US$ 25 bilhões no fim do primeiro trimestre, agora foi atualizado para US$ 15 bilhões. O número revisado é 63% menor que a primeira projeção, apresentada em dezembro do ano passado.

No caso da balança comercial, que vem surpreendendo positivamente desde o início do ano, a expectativa do BC melhorou mais uma vez: apresentava estimativa de um saldo positivo de US$ 30 bilhões no fim do ano passado, mudou para um superávit de US$ 40 bilhões em 2016 e agora para US$ 50 bilhões. Mais uma vez, no entanto, a mudança se deu não porque foi ampliada a estimativa de alta das vendas externas, mas reduzida a previsão para as compras, o que é mais um indicativo da recessão econômica pela qual passa o País.

Esse resultado da balança, portanto, será formado, de acordo com o BC, por exportações de US$ 190 bilhões, mesmo volume das últimas previsões, e importações de US$ 140 bilhões. A primeira estimativa para 2016 era de compras no valor de US$ 160 bilhões, que depois foi atualizada para US$ 150 bilhões.

O BC acredita que o Investimento Direto no País (IDP) seguirá forte e aumentou sua previsão de US$ 60 bilhões de entradas neste ano, como também constava na primeira projeção apresentada no encerramento de 2015 para este ano, para US$ 70 bilhões agora. O volume será, portanto, mais do que suficiente para cobrir o déficit externo previsto para 2016.

Na avaliação do BC, dólar e economia fraca continuarão a pesar na decisão do brasileiro de viajar para o exterior, mas não mudou seu quadro, continuando a projetar gastos de US$ 6 bilhões, já descontados os recursos deixados no Brasil pelos estrangeiros. No documento passado, a expectativa já era de resultado negativo de US$ 6 bilhões e, em dezembro de 2015 o valor previsto era de US$ 9 bilhões.

A autoridade monetária também revisou sua expectativa para gasto com juro em 2016, que será de US$ 21 bilhões ante US$ 21,7 bilhões da previsão anterior e de US$ 20,9 bilhões da feita em dezembro. Sobre a remessa de lucros e dividendos ao longo do ano, a projeção do BC agora é de saída de US$ 19 bilhões – era de US$ 18 bilhões em março e de US$ 20 bilhões em dezembro de 2015.

A autarquia previu ainda que o investimento em ações de 2016 será de US$ 4 bilhões, o mesmo volume da revisão passada – estava em US$ 6 bilhões na primeira estimativa. Já para renda fixa, o BC prevê saídas de US$ 12,5 bilhões. Vale destacar que, apenas nos cinco primeiros meses do ano, esse saldo já está negativo em US$ 12,460 bilhões.

Há três meses, o BC surpreendeu ao estimar uma conta zerada para essa rubrica ante previsão de US$ 6 bilhões da primeira apresentação para os dados de 2016.

Junho

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, estimou que as transações correntes voltarão a apresentar déficit em junho, de US$ 1 bilhão. Nos dois meses anteriores, o resultado ficou positivo. De acordo com ele, sazonalmente, há um impacto da balança comercial no sexto mês do ano, que deve interferir no resultado mensal.

Em maio, o superávit da conta corrente foi de US$ 1,2 bilhão. “O resultado veio melhor do que o esperado; a balança voltou a surpreender”, comentou Maciel. Ele salientou que o saldo positivo é o melhor desde agosto de 2007 e, especificamente em relação aos meses de maio, também o melhor desde 2004 – a última vez que houve superávit em maio foi em 2006.

O técnico do BC disse também que no acumulado dos cinco primeiros meses do ano houve uma melhora de US$ 29 bilhões entre 2015 e 2016 das transações correntes. Em 12 meses, salientou, o déficit das contas externas já está próximo de US$ 30 bilhões. “Vemos um ajuste rápido”, pontuou.

Maciel afirmou ainda que a nova estimativa do BC para o déficit das transações correntes de 2016, que passou para US$ 15 bilhões – ante US$ 25 bilhões de três meses atrás – representa 0,87% do Produto Interno Bruto (PIB).

Viagens

O chefe do Departamento Econômico do BC informou que o saldo na conta de viagens no exterior em junho até o dia 22 está negativo em US$ 676 milhões. Segundo ele, a contração nas despesas de viagens, muito acentuadas no início do ano, persiste, mas em magnitude menor.

Na conta de junho, inserem-se receitas no valor de US$ 290 milhões e despesas de US$ 967 milhões. “A taxa de câmbio tem papel determinante nesse fluxo de despesas de viagens”, disse o técnico.

Balança

De acordo com Maciel, na balança comercial, o volume exportado pelo Brasil cresceu 17% de janeiro a maio, mas o valor recuou 16%. “Isso tem reflexo importante em toda a cadeia. Se em dólares as exportações estão trazendo resultados menores, na geração de emprego e produto contribui de forma relevante para atenuar o processo de menor dinamismo”, disse.

Nas importações, houve queda de 21,7% em volume no período e os preços caíram 10,1%.

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