O Banco Central revisou, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua estimativa para o hiato do produto, uma variável não-observável que mede a ociosidade na economia. Para o quarto trimestre deste ano, a estimativa passou de -1,5% para -0,8%, indicando uma percepção que a economia vai terminar 2023 com uma ociosidade menor do que era esperado antes. Para o segundo trimestre, a estimativa passou de -1,2% para -0,7% e, para o terceiro trimestre do ano, passou de -1,4% para também -0,7%.
A revisão ocorre depois de nova surpresa com o desempenho positivo do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre (0,9%), que mostrou um crescimento maior do que o esperado e de maior qualidade, com avanços da indústria e dos serviços e, do lado da demanda, do consumo das famílias.
Depois do resultado do PIB, a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Fernanda Guardado, já havia antecipado que a autoridade monetária iria divulgar novo número para o hiato do produto no RTI deste mês. Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, divulgada na terça-feira, o BC também já tinha informado que o hiato estava mais apertado do que o estimado anteriormente.
Para o fim de 2024, o BC também projeta um hiato de -0,8%, que depois segue trajetória de estreitamento. De acordo com o documento, o principal fator para esse comportamento é a trajetória utilizada da taxa Selic extraída da pesquisa Focus.
"Ressalta-se que, em virtude da elevada incerteza existente nas estimativas do hiato do produto, o Copom avalia projeções com diferentes estimativas e cenários para essa variável", destacou o RTI.
Em relação à taxa de juros real neutra, aquela que não acelera nem desacelera o crescimento e, consequentemente, a inflação, a estimativa do BC continuou em 4,5%, como também já havia antecipado o BC na ata.