Em coletiva de imprensa para anunciar as metas de inflação para 2019 e 2020 – de 4,25% e 4,00%, respectivamente -, a equipe econômica sinalizou que a aprovação ou não de reformas não será determinante para a inflação dos anos à frente, mas reiterou que o País terá que lidar com taxas de juros maiores para garantir essas metas, caso as reformas não passem no Congresso Nacional.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, explicou que o sinal de alerta do Banco Central em relação à aprovação reformas em suas últimas comunicações – como a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) – se deu em função da definição da taxa de juros, e, não, em relação às expectativas de inflação.
“Essas reformas estruturais são fundamentais para definição de longo prazo das taxas de juros estruturais e o crescimento potencial. Estamos falando aqui do custo de financiamento da economia”, disse Meirelles. “O BC tem instrumentos, que ele calibra exatamente para assegurar a inflação na meta. O BC nunca disse que não conseguiria entregar a meta sem a reforma, o BC vai entregar a meta, sim. A sinalização foi sobre a dosagem dos instrumentos”, esclareceu o ministro.
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, concordou e disse que, quanto mais rápido se aprovarem essas reformas, menor será a taxa de juros estrutural da economia. “Agora, as metas de inflação serão cumpridas independente da taxa de juros estrutural da economia”, acrescentou.
Reformas
O ministro da Fazenda afirmou ainda que as reformas econômicas são fundamentais para o País e que o equilíbrio no horizonte maior é algo que vai influenciar a definição dos juros estruturais de longo prazo. “É fundamental, é importante a Reforma da Previdência”, disse Meirelles.
No entanto, o ministro comentou que as reformas não devem ser colocadas no mesmo grupo de questões relacionadas à meta de inflação. “É importante mencionar que o fato de se precisar de juros reais maiores ou menores para financiar a dívida pública, não influencia necessariamente a trajetória de inflação, nem cria necessariamente inflação mais elevada no futuro”, disse Meirelles. Ele lembrou ainda que uma inflação mais elevada não assegura um crescimento maior.
Em outro ponto da coletiva, Meirelles afirmou que o momento é de fixação da nova meta para 2019 e 2020. “O que é relevante para a política monetária e economia são as condições macroeconômicas. A inflação corrente é bastante favorável, está caindo”, disse.
“A política econômica tem que se basear em condições objetivas, que é o que estamos fazendo”, acrescentou. Meirelles evitou falar, neste momento da coletiva, sobre a possível alta da Cide que incide sobre combustíveis.