O Banco Central parou nesta terça-feira, 19, para observar o comportamento do câmbio, como não fazia há muito tempo. Desde que anunciou ao mercado o programa de swaps tradicionais, em 22 de agosto de 2013, praticamente o BC não parou mais de atuar diretamente com intervenções de todos os tipos. Mesmo às vésperas do início oficial da ração diária, a instituição promoveu leilões aqui e ali para conter oscilações mais fortes do dólar.
O programa que basicamente se fundamentou na venda de dólares no mercado futuro durou até março do ano passado e, a partir de então, o BC foi rolando seu estoque. A intenção da instituição era diminuir o porcentual dessas rolagens ao longo do tempo. A rolagem chegou a 60% dos vencimentos mensais, mas o BC voltou atrás, considerando que essa estratégia estaria provocando volatilidade nos negócios, justamente o que se queria evitar. O saldo total de swaps chegou perto de US$ 110 bilhões e, nesse período, o BC só não atuava no último dia útil de cada mês, para evitar influência sobre a ptax.
Não bastassem essas intervenções já programadas de swap, o BC comparecia também em momentos em que o mercado spot ficou mais pressionado, ofertando leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra). Por causa de seu estoque robusto de swaps em um ano em que o dólar teve valorização de quase 50%, o BC registrou, em 2015, prejuízo recorde com essas operações. As perdas somaram R$ 89,657 bilhões. Este ano, com o movimento de baixa da moeda, a instituição passou a registrar lucro com essas operações – está em R$ 30,178 bilhões até o dia 8 de abril, considerando o volume inédito de ganhos de R$ 42,697 bilhões do mês passado.
Recentemente, com o dólar em trajetória de baixa com a andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o BC foi para a outra ponta e passou a oferecer quase que diariamente leilões de swap cambial reverso, que equivalem à compra da moeda no mercado futuro. Seu estoque caiu para a casa de US$ 72 bilhões.
Na sexta-feira, véspera do evento na Câmara, o BC não fez comunicado de swaps ao mercado para segunda-feira, como de costume. Mas mesmo assim atuou, fazendo com que a moeda terminasse o dia com alta pouco superior a 2%. Hoje, também sem anúncio de leilão prévio, parou para olhar o mercado e viu que a alta de ontem foi praticamente toda devolvida hoje.
No fim dos negócios, o mercado chegou a pressionar o BC, levando a cotação para as mínimas. Mesmo assim, a autoridade não entrou. No fim da tarde, porém, o BC anunciou leilão de até 20 mil contratos de swap cambial reverso para esta quarta-feira, dia 20.