O banco central da Turquia disse nesta sexta-feira, 26, que o setor bancário do país continua forte e tem reservas suficientes para resistir à crise cambial. O anúncio indica que é improvável que os bancos turcos pressionem o governo a reverter as políticas, incluindo cortes nas taxas de juros, que provocaram a crise em primeiro lugar, disseram economistas.
Na noite de quinta-feira, o vice-ministro das Finanças da Turquia disse em uma série de tuítes que o governo continuaria sua política de corte das taxas de juros e culpou ataques não especificados pelo colapso da lira.
"Estamos passando por um período de ataques de manipulação das taxas de câmbio contra essa nossa política", comentou Nureddin Nebati, o vice-ministro das Finanças e do Tesouro. "Todas as vezes que pretendíamos implementar nossa política de taxas de juros baixas desde 2013, enfrentamos fortes objeções. Desta vez, estamos determinados a implementá-la."
O presidente Recep Tayyip Erdogan pressionou o banco central a cortar as taxas de juros, apesar do aumento da inflação que atingiu quase 20% em outubro. Como resultado, a moeda local perdeu quase 40% de seu valor neste ano, eliminando grande parte das economias do público e gerando descontentamento com o governo.
Além disso, o banco central da Turquia está sofrendo uma crise de credibilidade depois que Erdogan substituiu o presidente da instituição e outras autoridades que atrapalharam suas políticas.
"Eles estão usando a sociedade quase como uma cobaia", disse Mustafa Yeneroglu, membro do Parlamento que rompeu com o partido de Erdogan em 2019 e se juntou à oposição. "Não acho que ele tenha um plano. Mesmo que tenha, é completamente irracional", comentou, referindo-se ao presidente.