Dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Mário Centeno afirmou nesta terça-feira, 2, que espera mais alguns cortes de juros em 2024, mas reiterou que decisões monetárias serão tomadas a cada reunião e dependerão de dados. "Prefiro decidir conforme nos movemos. Se houver trajetória sólida da economia, teremos como decidir sobre cortes", disse Centeno, em entrevista à <i>Bloomberg</i> nos arredores do Fórum do BCE, em Sintra.
Também presidente do BC de Portugal, o dirigente comentou que está "moderadamente orgulhoso" do progresso rápido na queda da inflação e das expectativas bem ancoradas, mas destacou que o mercado de trabalho também é um pilar importante das decisões monetárias.
Os comentários aconteceram pouco antes da divulgação dos números de inflação na zona do euro. Segundo Centeno, dependendo dos dados obtidos, um corte de juros em julho não estaria completamente fora da mesa. "Mas sempre precisamos ter uma perspectiva mais longa, para decidir com prudência e confiança", ponderou.
Questionado sobre riscos, o dirigente português apontou que a questão fiscal é um "grande problema" para toda a Europa, sem mencionar um país específico, mas ressaltou que existem ferramentas a disposição fornecidas pelo BCE e que é necessário "jogar de modo coletivo". Ele também lembrou sobre as tensões geopolíticas em andamento, como a guerra na Ucrânia.
Centeno afirmou ainda que foi "muita sorte" a política monetária do BCE e de outros BCs – como o Federal Reserve (Fed) – entrarem em sincronia por algum tempo, contudo, reiterou que é necessário manter o foco sobre os números europeus. "Vou continuar positivo, otimista e aberto a cada reunião para fazer o que for necessário em relação aos juros da zona do euro", concluiu.