Presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde afirmou nesta terça-feira, 15, que, em todos os cenários atualmente traçados pela instituição, a inflação deve desacelerar na zona do euro, para chegar à meta de 2% em 2024. Durante evento em Berlim, ela também disse que o BCE garantirá a liquidez e implementará as sanções determinadas por causa da invasão militar da Rússia na Ucrânia.
Lagarde notou que o conflito deve reduzir o crescimento e elevar a inflação na zona do euro, "por meio de preços mais altos de energia e commodities, de problemas do comércio internacional e da confiança mais fraca". Caso o cenário-base da equipe do BCE se concretize, ainda assim haverá "crescimento robusto" em 2022, graças ao menor impacto da pandemia e à perspectiva de demanda doméstica sólida e mercados de trabalho fortes, acrescentou ela.
A presidente do BCE afirmou que as repercussões da guerra na economia dependem, claro, da evolução dos conflitos, e também das sanções já adotadas e de eventuais novas medidas do tipo. A incerteza para a perspectiva "aumentou significativamente", admitiu.
A partir de sua avaliação da perspectiva para os preços, o BCE decidiu reduzir suas compras líquidas de bônus no segundo trimestre, mas mantendo a opção de fazer ajustes conforme as circunstâncias. "A calibragem das compras líquidas para o terceiro trimestre dependerá dos dados e reflete nossa avaliação por vir da perspectiva."
Lagarde disse que, caso os dados apoiem a expectativa de que a inflação no médio prazo não enfraquecerá mesmo após o fim das compras líquidas, estas serão concluídas no terceiro trimestre. Caso a perspectiva de médio prazo mude e as condições financeiras fiquem "inconsistentes" com mais progresso rumo à meta de 2% de inflação, o BCE está pronto para revisar seu cronograma para as compras líquidas de ativos em tamanho e/ou duração, segundo a autoridade.
A presidente do BCE afirmou que qualquer ajuste nos juros "levará algum tempo após o fim de nossas compras de bônus e será gradual".
Lagarde ainda disse que a guerra reforçou a necessidade de a zona do euro reduzir suas emissões de carbono, "reduzindo nossa dependência de fontes externas de energia", como a própria Rússia.