O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis Guindos, descartou hoje que a União Europeia entre em uma recessão ao longo de 2022. Em entrevista ao canal <i>Antena 3</i>, o dirigente afirmou que a invasão da Ucrânia é uma má notícia econômica e que a inflação, que já está alta, deve ficar ainda mais elevada, além do crescimento econômico ser afetado. No entanto, Guindos reforçou que o cenário não deve levar a uma recessão, nem mesmo nos panoramas "mais severos".
Segundo o dirigente, o crescimento do PIB deverá ficar "ligeiramente" acima de 3% em 2022, uma queda com relação aos 4% projetados anteriormente. Além disso, a expectativa de inflação foi elevada em cerca de 0,5 ponto porcentual. Na visão de Guindos, o cenário aumenta a incerteza para o panorama econômico. "A economia russa é muito grande, e provavelmente teremos um impacto por meio dos preços de matérias primas e energia, como em gás e petróleo", afirmou.
Sobre a política monetária, o vice-presidente afirmou que está em um processo de normalização, e apontou para a redução de compras de ativos pelo BCE. Para uma alta de juros, o espanhol indicou que a medida irá depender dos dados que aparecerem, especialmente os índices de inflação.
Questionado sobre a intenção de governos europeus de reduzirem impostos sobre energia para lidar com a alta dos preços, Guindos vê a medida como correta, uma que vez que o avanço na cotação das matérias primas representa um empobrecimento de famílias e de empresas.
A forma com a qual o poder público pode lidar com o problema, em sua visão, é com cortes de impostos e subsídios. No entanto, o dirigente pondera, e diz que as medidas precisam ser "muito objetivas" e temporárias. Guindos reforçou a necessidade de sustentabilidade fiscal no médio prazo, e disse que é preciso ser seletivo com os gastos.