O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC da Alemanha, Joachim Nagel, afirmou que a inflação está em declínio na zona do euro e deve atingir a meta de 2% até o fim de 2025. Nagel ponderou que esse cenário foi tomado como base para o corte de juros em junho, mas alertou que reduções futuras não estão garantidas. "Não estamos no piloto automático quando se trata de cortes nas taxas de juros. Nossas decisões serão dependentes de dados e isso significa reavaliar nossa posição a cada reunião", argumentou.
O comentário foi em resposta a uma questão do jornal alemão <i>Tagesspiegel</i> sobre a possibilidade de nova redução dos juros em julho, na reunião desta quinta-feira (18). A entrevista ocorreu na semana passada e foi reproduzida hoje pelo site do BC da Alemanha, na íntegra.
Nagel reiterou que o BCE continua cauteloso quanto a persistência do núcleo da inflação, que segue em torno de 2,9% na zona do euro. Ele notou, entretanto, que leituras recentes parecem indicar que a trajetória de desinflação está na "direção certa", graças ao nível restritivo da política monetária. "Tivemos um papel fundamental na redução dos preços", pontuou.
O dirigente reconheceu o enfraquecimento da atividade econômica, principalmente na Alemanha, mas observou que existem sinais de recuperação. "Os pedidos para a indústria parecem estar estabilizando e o consumo deve acelerar novamente em breve. A Alemanha pode se tornar uma história de recuperação de sucesso, se resolver seus problemas estruturais", disse.
Sobre o euro digital, Nagel projetou que a implementação deve acontecer em até quatro anos, "se tudo correr bem". O dirigente observou que a tecnologia pode reduzir a independência europeia de sistemas de pagamento digital estrangeiros, ampliando a proteção de dados e competitividade do mercado local na Europa.