Vários dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) vieram a público nesta sexta-feira, 15, a fim de deixar claro que não estão descartadas novas elevações dos juros pela instituição. Um dia após o BCE subir os juros, mas seu comunicado ser interpretado por boa parte do mercado como um sinalização de que este seria o ponto final no ciclo de aperto, a comunicação do BC reforça que pode haver ainda mais altas nos juros, a depender do quadro na inflação da zona do euro.
A própria presidente do BCE, Christine Lagarde, enfatizou a possibilidade de mais aperto durante sua entrevista coletiva da quinta-feira após a decisão. Nesta sexta, ela afirmou a repórteres que os dirigentes não estão discutindo agora cortes nos juros, e notou que eles devem seguir em níveis elevados por períodos "significativamente importantes", sem precisar datas.
Vice do BCE, Luis de Guindos disse que não há meta para quando os juros começarão a cair e minimizou a postura atual dos mercados como "uma aposta", que "pode estar certa ou errada", além de voltar a defender a necessidade de elevar os juros, na quinta inclusive, para garantir que o quadro inflacionário seja controlado.
Entre dirigentes, Martins Kazaks defendeu o nível atual dos juros e não descartou mais elevações. Segundo ele, a zona do euro deve atingir a meta de inflação ao consumidor em 2% no segundo semestre de 2025.
Kazaks ainda advertiu que a precificação do mercado de que haverá cortes nos juros em abril de 2024 é "inconsistente com nosso cenário macro".
O <i>Financial Times</i> ainda reportava que ouviu declarações de três dirigentes da ala hawkish que não descartavam elevar os juros em dezembro, caso a inflação e o salário mantenham força. Nessa linha, Bostjan Vasle afirmou que as próximas decisões almejarão garantir que os juros sigam em nível restritivo o suficiente para a inflação voltar à meta, sem descartar novas altas ainda em 2023.