O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, afirmou nesta quinta-feira, 28, que o plano de reestruturação da estatal passou a valer ontem, após aprovação pelo Conselho de Administração. O segundo passo será “a designação dos executivos que vão tocar os projetos”, afirmou. A ideia é que, em 30 dias, seja concluída a primeira fase do plano. Esse é o período de transferência dos projetos para as novas equipes, o que ele chamou de “processo de adaptação”.
A economia de R$ 1,8 bilhão aparecerá nos balanços financeiros trimestrais gradativamente, ao longo do ano, disse Bendine. Já no primeiro trimestre deve ser registrado um ganho econômico. “Isso terá efeito pequeno no primeiro trimestre e gradualmente vai se aplicar. O resultado se dará neste exercício e futuros. A redução de valores não é o único objetivo”, afirmou o presidente da estatal, em coletiva, no Rio, para explicar as mudanças na estrutura da companhia.
Segundo Bendine, com a nova estrutura, a Petrobras busca também “celeridade na tomada de decisões, segurança e integração”. Ele ressaltou que a alteração da gestão acaba com a fragmentação interna. “O que a gente busca é preservação da competência técnica, que é inigualável”, disse.
Sobre a criação de uma gerência-executiva específica para o campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, Bendine disse que o objetivo foi privilegiar uma área considerada prioritária dentro da empresa. “Libra tem um modelo muito específico, um regime diferente de exploração do projeto, temos sócios. Essa é uma das mais promissoras áreas da companhia. Temos um foco muito específico ali. É um dos ativos onde priorizamos investimentos”, explicou.
Preço do barril
A Petrobras trabalha para conviver com um preço do barril do petróleo a US$ 30, segundo Bendine. Ele admite que o atual cenário é “desafiador”, mas enxerga que o período é de volatilidade. O executivo não vê a cotação a US$ 30 como um patamar permanente. “Cabe à companhia se preparar para a situação de estresse”, afirmou.
Bendine disse querer uma empresa “leve para esse cenário horrível que temos”. Ele explicou que a marca de US$ 45 de cotação do barril, utilizada como referência no plano de negócios, considerou a média usada por todas as grandes companhias. A opinião do presidente da Petrobras é que o mercado não vai considerar, ao avaliar a empresa, o preço do petróleo, mas “a disciplina de capital”.
Bendine afirmou ainda que a empresa tem tranquilidade de caixa para se manter até meados de 2017.
Petros
Aldemir Bendine confirmou que trabalha com cenário de déficit para o balanço da Petros, fundo de pensão dos trabalhadores da estatal. Segundo ele, o déficit seria “natural”, apesar de o balanço consolidado ainda não estar fechado. Para o presidente da Petrobras, o tema será alvo de discussões entre a empresa e o fundo de pensão, que passa por reestruturação.
“A Petros não tem os números divulgados, o balanço não está fechado, mas é natural que ela vá apresentar déficit. Isso é um ponto pacífico. O Fundo passa por reestruturação de sua gestão, e a discussão se dá em um conselho deliberativo”, afirmou Bendine.
Segundo o executivo, a Petrobras fará “o que precisar ser feito pela companhia”, em referência às normas atuais da previdência privada, que exigem um equacionamento e novas contribuições de patrocinadores e beneficiados após três anos de déficits consecutivos.
“A revisão da Petros será feita ao longo de 2016 em diálogo com o fundo. Não é um problema premente”, garantiu Bendine.
Sete Brasil
O presidente da Petrobras evitou comentar na coletiva a jornalistas a situação da Sete Brasil, empresa contratada pela estatal para construir e afretar 28 sondas de perfuração para o pré-sal.
Os contratos estão sendo revistos e foram reduzidos para, no máximo, 14 unidades. Segundo o executivo, a empresa é que deve responder pela reestruturação do modelo de negócio. “Somos contratantes da Sete Brasil. A empresa passa por reorganização e o modelo deve ser questionado à ela”, afirmou Bendine.