Economia

Bens duráveis são destaque negativo no passado recente da indústria, diz IBGE

Diante da aparente recuperação da produção de bens de capital, ainda que incerta e difusa, os bens de consumo duráveis viraram o destaque negativo no desempenho da indústria. O crédito mais caro e restrito, a inflação elevada, a queda na renda e a deterioração no emprego permanecem inibindo o consumo dos bens duráveis, apontou o gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo.

“Os bens de consumo duráveis são o grande destaque negativo quando a gente considera esse passado recente da indústria”, definiu Macedo.

Os bens de consumo duráveis acumularam perda de 13,7% nos últimos quatro meses, após a alta de 7,8% registrada em dezembro ante novembro. Automóveis, eletrodomésticos, motocicletas e móveis são alguns dos produtos com retração na produção. “São exemplos de itens que permanecem com comportamento negativo”, pontuou Macedo.

“A redução na produção de automóveis é algo importante a ser considerado na formação desse resultado. A atividade permanece com reduções de jornadas de trabalho, corte de postos de trabalho, lay-off. Enfim, permanece uma tentativa de adequar seu nível de produção para ajustar seus estoques”, afirmou o gerente do IBGE.

No caso de bens de capital, a categoria acumula avanço de 7,7% na produção nos últimos quatro meses, mas vem de uma perda de 12,9% de outubro a dezembro de 2015.

Segundo Macedo, não há um produto ou atividade que tenha registrado retomada para justificar esses quatro meses consecutivos de resultados positivos da categoria em 2016. Em cada mês, um item diferente se destacou com avanço na produção, entre eles caminhões, bens de capital para o setor elétrico, máquinas e equipamentos.

“Para cada mês especificamente tinha uma razão para bens de capital terem crescido, além da base de comparação ser muito baixa”, notou Macedo. “Não há ainda retomada consistente dos investimentos. Pode ter relação com a melhora no nível de expectativas dos empresários, embora ainda esteja muito aquém de pontos importantes da série histórica. Há melhora porque a base de comparação é muito ruim”, acrescentou.

O pesquisador disse que houve registro de algumas unidades produtivas atribuindo ao mercado externo uma melhora na produção, mas de forma pontual e sem força suficiente para justificar reversão na tendência de queda da indústria como um todo. “Ante 2016, bens de capital permanece com queda de dois dígitos, embora tenha tido redução no ritmo de queda”, lembrou Macedo.

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