Economia

Berriel: reservas são um seguro, obviamente têm custos

O indicado para a diretoria política de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tiago Berriel, mostrou-se contrário neste momento a uma mudança no patamar das reservas internacionais brasileiras, atualmente na casa de US$ 370 bilhões. Ele fez esta avaliação durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. “As reservas são um seguro e, obviamente, têm custos. É natural que haja um debate sobre o nível ótimo desse seguro”, disse. Para ele, a discussão é “válida”, mas deveria ocorrer em um momento de menor incerteza econômica. “Não devemos diminuir agora a quantidade de seguro que temos, mas esta é uma discussão válida”, considerou.

Berriel também disse ser importante que o BC deixe claro sobre como pretende agir em frente a determinada conjuntura para não causar surpresas aos agentes econômicos. Para ele, há custos altos e efeitos regressivos de uma taxa de inflação alta e volátil, principalmente para os mais pobres e para quem não consegue se proteger. “A missão do BC é trazer a inflação para a meta e controlar as taxas de juros. Pretendo contribuir com isso, se for aprovado. É importante que o BC deixe claro sobre como pretende agir em frente a determinada conjuntura. Isso faz com que o processo de inflação tenha menor custo para a sociedade como um todo”, disse.

Ele falou também sobre a mudança do perfil da dívida brasileira. Salientou que houve uma trajetória de alongamento da dívida e recomposição dívida pública em direção aos títulos prefixados e agora houve um retrocesso, conforme havia indicado um senador, mas que isso compete ao Tesouro Nacional. “Em geral, é um julgamento da Fazenda e reflete as condições que o governo observa.”

Câmbio

Berriel afirmou durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado que o câmbio não é uma meta e nem um instrumento de política monetária. “O câmbio é um preço da economia que deve refletir a conjuntura”, afirmou. Ele citou, por exemplo, que a mudança no patamar de conta corrente doméstica foi um dos fatores que levou o País a uma depreciação do real. “O BC vai atuar na questão do excesso de volatilidade. Ele não se abstém de intervir, mas deve permitir que o câmbio reflita esses fundamentos”, argumentou.

Sobre spread bancário, ele afirmou que o quadro das taxas é “bem heterogêneo”. “É importante entender o desenho que permita reduzir o spread de forma mais homogênea”, defendeu. Ele também disse que o BC precisa trabalhar para que haja maior competição bancária. “Isso faz parte do mandato do BC.”

Em relação à área fiscal, Berriel disse que é muito mais importante para a política monetária a credibilidade e a certeza de que a dívida doméstica atingirá trajetórias de solvência do que necessariamente o que está acontecendo correntemente com a política fiscal. “Isso deve ser suficiente para que a política monetária tenha plena eficácia e poder de atuação”, disse.

O futuro diretor avaliou que os juros no Brasil são altos – atualmente a Selic está em 14,25% ao ano. “Há uma série de explicações para isso, como falta de poupança doméstica, histórico de inflação alta e volátil, alta indexação da economia, oscilação da incerteza fiscal”, citou. Para ele, a convergência da inflação para meta de 4,5% é um processo catalizador para que a inflação no Brasil fique mais próxima da de seus pares.

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