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Bibi, Uma Vida em Musical reforça a paixão imbatível da atriz pela cena teatral

Ao retomar o papel de Bibi Ferreira (1922-2019), a atriz Amanda Costa, conhecida por sua doçura e refinamento, não se sentiu plenamente confortável, mesmo revivendo uma personagem pela qual ganhou os principais prêmios de interpretação. "Surgiram novos desafios, mais detalhes que apareceram agora e que acrescentam mais beleza a essa mulher extraordinária", comenta Amanda, estrela de Bibi, Uma Vida em Musical, espetáculo que voltou em temporada popular, no Teatro Claro.

Com direção de Tadeu Aguiar, a montagem estreou em 2018. Foi um acontecimento, especialmente por conta do compromisso assumido pela atriz: apesar de seu 1,55 m, Bibi tornava pequenos todos os palcos do mundo para abrigar a potência de sua voz. "Quando se dizia que ela era uma força da natureza, não se exagerava", comenta Amanda que, na nova temporada, conseguiu ampliar a voz.

Foi o fruto de um processo constante. "Bibi tinha um vibrato na voz diferente do meu. Além disso, era nasalado. Por isso, precisei fazer vários exercícios para modular a voz", conta a atriz, que descobriu ainda outros aspectos importantes da homenageada.

"Apesar de toda notoriedade, Bibi vivia sozinha em casa, uma solidão muito própria: sua existência foi dedicada praticamente ao palco, que era seu verdadeiro lar", comenta. "Quando conversamos, ela me disse: Aqui se tem muito trabalho. Tomei para mim e levo para a cena em todas as apresentações a certeza de que nada pode me impedir quando estou focada."

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Amanda conseguiu ainda mais informações sobre como Bibi respirava durante suas apresentações e até uma confidência: entre seus vários amores, Bibi sentia mais atração pelo ator e radialista Hélio Ribeiro (1935-2000). "Embora ela não falasse tão abertamente sobre isso, é possível dizer que ele foi o amor da sua vida."

De fato, o espetáculo (escrito por Artur Xexéo e Luanna Guimarães) evidencia o profissionalismo de Bibi, que jamais permitiu que o sentimento atravessasse sua carreira artística. Mesmo quando perdeu um deles, o dramaturgo Paulo Pontes (1940-1976), que lhe escreveu um de seus principais espetáculos, Gota dÁgua, Bibi Ferreira não se afastou dos palcos – aliás, nesta temporada, o papel de Pontes ganha uma bela interpretação de Fabrício Negri.

Nascida Abigail Izquierdo Ferreira, em 1922, Bibi estava predestinada pelo pai à carreira artística. "Não quero mais morrer! Nasceu a primavera da minha vida. Ganhei uma filhinha de nome Abigail, a quem chamarei de Bibi. Ela vai cantar, representar e fazer muitas coisas bonitas em um palco", escreveu o ator Procópio Ferreira (1898-1979) a um amigo. Ele não brincava em serviço: Bibi estreou no teatro com apenas 24 dias de vida, ao substituir no palco uma boneca que desaparecera pouco antes do início da peça Manhãs de Sol, escrita por seu padrinho, Oduvaldo Viana (pai), marido da cantora Abigail Maia.

Bibi subiu ao palco no colo de sua madrinha, de quem herdara o nome. Os críticos apontam Procópio (vivido com delicadeza por Chris Penna) como um ator de comunicação exuberante, mestre ao matizar suas frases com as mais ricas inflexões, capaz de levar a plateia ao delírio com um simples revirar de olhos. Foi ele quem encaminhou Bibi para a carreira artística, até a consagração como intérprete de grandes musicais internacionais (My Fair Lady, O Homem de La Mancha, Alô, Dolly) e nacionais (Gota dÁgua), sem se esquecer das homenagens que prestou a outros grandes intérpretes, como Edith Piaf, Amália Rodrigues e Frank Sinatra.

"Descobri esses intérpretes em mim, especialmente Piaf, com quem Bibi dialogava com mais intimidade: eram duas mulheres modernas, que sabiam a dimensão da força feminina para romper qualquer barreira", comenta Amanda.

Bibi, Uma Vida em Musical
Teatro Claro
Shopping Vila Olímpia.
Rua Olimpíadas, 60.
6ª e sáb., 20h30. R$ 50.
Até 1º/10.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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