O democrata Joe Biden mostrou confiança ao visitar a Geórgia, na terça-feira, 29, reduto republicano. Pesquisas mostram que ele está empatado com o presidente Donald Trump no Estado. No entanto, a estratégia de ampliar o mapa eleitoral, em vez de encher de otimismo os democratas, causou preocupação em razão de um precedente traumático. Em 2016, Hillary Clinton visitou Estados como o Arizona, ignorando a disputa em lugares como Wisconsin, onde perdeu por 22 mil votos.
Há cerca de um mês, o estrategista Stuart Stevens, um dos colaboradores do Lincoln Project – grupo de republicanos dissidentes que romperam com Trump e apoiam o candidato democrata -, alertou para o risco que Biden corria se tentasse expandir o mapa eleitoral.
"Espero que Biden não cometa o único erro que pode ser fatal. Ele tem que se concentrar nos Estados que lhe darão a vitória. Ele não precisa ganhar de muito. Precisa apenas de 270 votos no colégio eleitoral", disse Stevens. "Espero que ele não queira fazer campanha em Estados como Texas, Geórgia e Arizona, e se concentre naqueles que ele precisa vencer."
Muitos analistas dizem que, ao tentar ampliar o mapa eleitoral, Biden estaria buscando uma vitória avassaladora e incontestável sobre Trump, mas eles argumentam que, mesmo um triunfo discreto e mais seguro, lhe dará a Casa Branca de qualquer maneira.
Biden encheu os democratas de esperança e medo ao anunciar, no início da semana, que faria campanha em Iowa e na Geórgia, além de paradas mais tradicionais na reta final de campanha nos Estados de Michigan e Flórida. Quando o democrata discursou nos arredores de Atlanta, na terça-feira, os democratas tiveram lembranças desagradáveis de 2016, quando Hillary investiu recursos e visitou o Arizona nos últimos dias da corrida, deixando de lado os Estados do Meio-Oeste, como Wisconsin, onde perdeu por apenas 0,7 ponto porcentual. Na ocasião, muitos disseram que uma ou duas visitas ao Estado talvez tirasse a vitória de Trump.
Agora, os eleitores democratas mais avessos ao risco se perguntam por que Biden não gasta todo o tempo que tem na Pensilvânia, que tem um tesouro de 20 votos no colégio eleitoral, quase tantos quanto a Geórgia e Iowa juntos.
A campanha de Trump se aproveitou disso e tentou pintar Biden como excessivamente confiante, assim como Hillary estava quatro anos atrás. "Nós o encorajamos a gastar tempo e recursos na Geórgia, onde o presidente Trump definitivamente vencerá", afirmou Tim Murtaugh, diretor de comunicações da campanha republicana. "Biden está perdendo tempo em Estados que não pode vencer."
Enquanto isso, a equipe do presidente enviou Melania Trump, a primeira-dama, para Atglen, na Pensilvânia, em seu único ato de campanha este ano, algo que ela não gosta de fazer. Trump passou a terça-feira jogando na defesa, angariando apoio nos Estados do Meio-Oeste, com comícios em Michigan, Wisconsin e Nebraska – todos os Estados que ele venceu em 2016.
Alguns democratas mais confiantes, no entanto, disseram que se sentiram encorajados pelo fato de a campanha de Biden estar confortável o suficiente para dedicar recursos a Estados como Geórgia e Texas, forçando a campanha de Trump a usar parte de seu limitado dinheiro para defender o território conquistado em 2016.
Eles argumentam que Biden, ao fazer campanha em Estados tradicionalmente republicanos, estaria ajudando candidaturas importantes do partido ao Senado. Hoje, os senadores democratas são minoria, mas os estrategistas de Biden acreditam que, se a votação para presidente for replicada no restante da cédula, eles podem retomar o controle das duas Casas do Congresso.
Em Iowa, a disputa entre a senadora Joni Ernst, republicana, e Theresa Greenfield, democrata, é a mais cara que o Estado já viu. Na Geórgia, dois candidatos democratas bem financiados, Jon Ossoff e o reverendo Raphael Warnock, podem conquistar as duas vagas do Estado. Na Carolina do Sul, o republicano Lindsey Graham, que normalmente não teria dificuldades para se reeleger, está empatado nas pesquisas com o democrata Jaime Harrison.
<b>Democrata vota com antecedência ao lado da mulher</b>
O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, votou antecipadamente na eleição dos Estados Unidos ontem seis dias antes do fim da disputa. O ex-vice-presidente votou no edifício estatal Carvel de Wilmington, no Estado de Delaware, onde reside, somando-se ao número recorde de 74 milhões de americanos que já votaram antes do dia das eleições, na terça-feira. Pouco antes de votar, Biden disse que espera ser eleito para "fazer a diferença".
O ex-vice-presidente havia dito pouco antes, durante um discurso sobre como enfrentar a crise sanitária provocada pela pandemia de covid-19, que não votaria apenas em si, mas em diversos candidatos para cargos locais e estaduais. "Restam seis dias para as eleições, e os americanos têm em suas mãos a possibilidade de colocar este país em um caminho infinitamente diferente", afirmou o democrata.
Embora muitos votos tenham sido enviados por correio, tanto Biden como Trump optaram por comparecer pessoalmente aos centros de votação: o presidente depositou sua cédula no último sábado, na Flórida, seu Estado oficial de residência.
Após votar, Biden também comentou com jornalistas os tumultos na Filadélfia, durante os protestos que ocorrem depois da morte de um jovem negro pela polícia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>