Estadão

Biden critica republicanos e diz não poder garantir que não haverá calote nos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta segunda-feira que não pode garantir que não haverá um calote da dívida do país nas próximas semanas. A declaração ocorre em meio a uma disputa política entre democratas e republicanos no Congresso. A oposição, criticada pelo chefe da Casa Branca, decidiu não apoiar a suspensão do teto para emissão de dívida.

Durante um pronunciamento, Biden disse que aumentar o limite de endividamento do Tesouro é necessário para pagar dívidas que o país já têm. "Não tem nada a ver com qualquer novo gasto sendo considerado", declarou o mandatário.

O democrata disse que, em parte, a medida é necessária por causa da reforma tributária aprovada durante o governo de seu antecessor, o ex-presidente Donald Trump, que promoveu um corte no imposto corporativo, o que reduziu a arrecadação.

"Aumentar o limite da dívida geralmente é um empreendimento bipartidário", afirmou Biden. "Isso não está acontecendo hoje."

O presidente norte-americano criticou a decisão dos republicanos de não apoiar a suspensão do teto. "Acho, francamente, que é hipócrita, perigoso e vergonhoso. A obstrução e irresponsabilidade deles não têm limites, especialmente porque estamos tentando sair dessa pandemia", disparou.

Segundo Biden, o fracasso em aumentar o teto da dívida levaria a economia dos EUA para o "precipício". Ao ser questionado se poderia garantir que não haverá calote, o democrata negou. "Não, não posso. Isso é com Mitch McConnell", respondeu, em referência ao líder do Partido Republicano no Senado.

Para passar a maioria das legislações no Senado norte-americano, é necessário um mínimo de 60 votos. Os democratas possuem 50 assentos na Casa – a metade – e apenas têm maioria porque podem contar com o voto de desempate da vice-presidente Kamala Harris, que acumula o cargo de presidente do Senado.

Uma alternativa para o partido de Biden seria usar um dispositivo chamado de "reconciliação", que permite a aprovação de projetos ligados ao orçamento por maioria simples, o que evitaria a obstrução dos republicanos.

De acordo com a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, o governo pode ficar "sem caixa" para cumprir suas obrigações de dívida no dia 18 de outubro. O Escritório de Orçamento do Congresso, por sua vez, calcula que esse cenário ocorreria entre o fim do mês e o começo de novembro.

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